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Sobre garis e democracia

15/01/2010
Na primeira terça-feira deste ano, dia 5, ao apresentar o Jornal da Band leu, entre uma e outra notícia sobre enchentes e nevascas, a seguinte “nota pelada” (no jargão do telejornalismo trata-se de um texto sem imagens de cobertura): “Quando voltar do seu descanso o presidente Lula tem um tremendo abacaxi pela frente. É decidir o Plano Nacional de Direitos Humanos, cujo o texto que pode permitir o fim da anistia fez com que os chefes das Forças Armadas e o ministro Jobim da Defesa pusessem seus cargos a disposição. Lula prometeu rever o texto, mas a coisa complicou – e muito – hoje com a revelação de que os militares da FAB preferem que o governo compre os caças suecos em vez dos franceses, preferidos por Lula, que inadvertidamente até anunciou a compra dos caças franceses. Há quem veja nessa escolha da FAB uma reação ao caso da anistia”. A nota estabelece relação entre dois assuntos usando para conectá-los a frase “Há quem veja nessa escolha da FAB uma reação ao caso da anistia”. Sem dúvida um primor de anti-jornalismo. Para dizer o que pensa, o autor do texto esconde-se atrás do “há quem veja”, sem coragem para dizer que quem vê essa relação é ele mesmo e os demais interessados em criar algum tipo de intriga na esperança, sempre presente, de desgastar o governo. Sobre essa ilação tendenciosa vale ler o artigo de Janio de Freitas na Folha de 7/1. Diz ele “As conclusões da FAB sobre os três concorrentes nada têm a ver com o impasse, entre os comandantes militares e Lula, em torno do Plano Nacional dos Direitos Humanos e sua pretendida Comissão da Verdade. A FAB apenas recusou-se a não fazer o seu papel e o fez”. Ou seja a Força Aérea Brasileira simplesmente fez uma análise comparativa das ofertas de aviões franceses, suecos e estadounidenses. E mais, para dar um jeito de criar a intriga, Boris Casoy diz que o presidente Lula “inadvertidamente até anunciou a compra dos caças franceses”. Veja o que diz Janio de Freitas: “Lula não disse querer ou haver decidido comprar o Rafale . O que comunicou de público, a propósito da conversa com o presidente francês em Brasília, por ocasião do Sete de Setembro do ano passado foi ‘a decisão de abrir negociações para a compra do Rafale’. As negociações nunca passaram de negociações”. E nelas cabem consultas a outros fornecedores interessados, como a FAB fez. Mas para Casoy nada disso interessa. O que ele quer é mostrar ao público a existência de um conflito entre a presidência da República e as Forças Armadas, talvez saudoso de 1964. Mas as incorreções do texto lido no Jornal da Band...

Os rumos do Brasil com o Governo Lula

11/01/2010
Os rumos do Brasil com o Governo Lula Ex-presidente do Banco Central com Fernando Henrique Cardoso e atual presidente do conselho da BM&F Bovespa, Armínio Fraga emitiu algumas opiniões sobre o atual momento econômico brasileiro e as perspectivas para 2010. Suas análises parecem funcionar bem a uma oposição sem rumo. Nesse sentido, Fraga é na economia o mesmo que setores da mídia têm sido na política para a oposição: uma tentativa de articular o discurso contra o Governo Lula, mas de forma dissimulada, sem dar a impressão de que se opôs às principais medidas da atual administração. Entre outras questões, Fraga defende que: cortar gastos públicos e adotar déficit nominal zero levariam a juros menores; o Estado tem avançado demais na economia e não se pode aportar tantos recursos no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social); é cedo para apostar em 5% de crescimento ao ano a partir de 2010 e, por isso, há excesso de otimismo no país; é preciso investir mais em infraestrutura e educação; e devemos chegar a uma taxa de investimento de 25% do PIB (Produto Interno Bruto). Comecemos pelo que não é destoante. O próprio Governo quer investimento de 22% a 25% do PIB. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse isso em entrevista ao Estado de S.Paulo. Os números do investimento na indústria para 2010 vão nessa direção. Fraga não desconhece o aumento de investimentos públicos no atual Governo, em especial, na infraestrutura e na educação, áreas abandonadas por FHC. O PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) foi criado justamente para desenvolver a infraestrutura. Na educação, a partir de 2003, uma série de ações nos três níveis (básica, média e superior) estruturou o setor. Aperfeiçoamos o Fundeb (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica), implantamos o EJA (Programa de Educação de Jovens e Adultos), criamos o ProJovem e o ProUni, fizemos 12 novas Universidades Públicas e 79 escolas técnicas. Houve também valorização do professor: o piso é de R$ 950, e a média salarial saltou de R$ 994 (2003) para R$ 1.527 (2009), mesmo com ações de governadores do PSDB contra o piso de R$ 950. O ex-presidente do BC concorda com a estratégia de cortar impostos de certos setores para enfrentar a grave crise econômica. Acrescente-se que, para barrar a recessão e evitar desemprego em massa, houve queda de juros e estímulo ao consumo, com oferta pública de crédito. Para enfrentar crises menos graves, os tucanos aumentaram significativamente os juros e os tributos, deixando ao país queda da atividade industrial, forte desemprego, disparo da dívida pública e redução das reservas monetárias. O discurso de Fraga é semelhante ao dos tucanos paulistas ligados a José Serra quanto à tese de reduzir gastos...

Lula, o mundo e a mídia

21/12/2009
Quando Lula não apenas discordou da mandatária alemã Ângela Merkel e também disse que as potências atômicas não têm moral para exigir que o Irã não tenha direito ao seu programa nuclear, percebemos novamente como opera a linha editorial subproduto do princípio ideológico do “Eixo do Mal”. Há uma ausência sistemática de sintonia entre o eco internacional positivo das falas presidenciais e o tratamento editorial negativo que a mídia nacional lhe atribui, quase por unanimidade. O artigo é de Beto Almeida. "O mundo me condena e ninguém tem pena falando sempre mal do meu nome deixando de saber, se eu vou morrer de sede ou se eu vou morrer de fome!" "Filosofia", Noel Rosa Fortes e originais declarações de Lula sobre questões espinhosas e complexas do cenário internacional provocam boa oportunidade para nova avaliação sobre a ausência de sintonia entre o eco internacional positivo das falas presidenciais e o tratamento editorial negativo que a mídia nacional lhe atribui, quase por unanimidade. Primeiro, há que reconhecer: Lula tem tido a audácia de tocar em temas considerados intocáveis como, por exemplo, ao questionar e criticar a reserva de mercado de fato de um clube restrito de países atômicos que pretende impor o desarmamento aos demais países. E, quando algum destes países periféricos reivindica o direito natural e histórico à isonomia de também possuir tecnologia nuclear é logo condenado como se seus objetivos fossem inquestionavelmente terroristas. E são logo colocados no “Eixo do Mal” criado pelo belicoso George Bush. Já sabemos que os atentados de 11 de setembro de 2001 foram usados como um pretexto pelo mais intervencionista dos países para interferir ainda mais truculenta em cada canto do planeta onde conseguisse. Aliás, recomenda-se a leitura do site “Cientistas pela Verdade”, no qual a versão oficial é questionada com consistência. Após surgir a categoria do “Eixo do Mal”, vem o golpe midiático fracassado contra Chávez com apoio dos EUA, as prisões clandestinas de “suspeitos” em vários países seqüestrados em vôos clandestinos que usaram bases militares de países europeus que se autodenominam democráticos. Surgiu também a campanha contra as “armas químicas de destruição em massa no Iraque” que , com o apoio midiático internacional dos que controlam o fluxo da informação planetária, resultou na invasão sanguinária àquele país do Oriente Médio. As tropas de ocupação ainda lá estão sem que o Obama, agora Prêmio Nobel da Paz, tenha conseguido fazer com que seu discurso de mudanças tenha tradução verdadeira em atos de sua política externa, que é quase sempre militar, sendo sempre intervencionista. Eixo do Mal: dirigismo ideológico Na cabeça de Bush – não mencionamos cérebro – o Eixo do Mal era composto por Iraque, Coréia do Norte, Irã, Cuba e provavelmente a Venezuela. Cuba continua bloqueada, mas,...

A retomada do emprego e as negociações coletivas em Santa Catarina

18/12/2009
 Os resultados da geração de empregos formais relativos a novembro mostram que a economia brasileira retomou o crescimento e está gerando empregos de forma vigorosa novamente. Foram 246.695 novas vagas no mês, melhor resultado para novembro na série histórica iniciada em 1992, quase o dobro do último recorde registrado em novembro de 2007 (124.554 vagas). Nos primeiros onze meses do ano foram criados 1,4 milhão de postos de trabalho com carteira assinada, um desempenho surpreendente, considerando que no primeiro trimestre a economia tinha perdido 57.000 empregos formais. Em Santa Catarina o saldo do emprego formal em novembro apresentou o melhor resultado do ano, com geração de 17.847 postos, crescimento de 1,10% na comparação com outubro. Em relação aos 75.550 empregos gerados em 2009, o resultado de novembro representa quase um quarto do total e pode ser a virada do comportamento do emprego formal em Santa Catarina, que vinha sendo muito ruim até então. Só para efeitos comparativos, em novembro de 2008, com o país já em recessão, foram criadas apenas 3.847 novas vagas formais em Santa Catarina. Com o resultado recorde de novembro as chances são muito grandes de o Brasil ultrapassar um milhão de empregos em 2009. Como se sabe, o mês de dezembro é de ajuste do emprego, com redução sazonal histórica de cerca de 300 mil postos de trabalho. No entanto, mesmo em um cenário conservador, prevendo a redução média para dezembro, devemos ultrapassar, com certa folga, um milhão de novos postos de trabalho em 2009. Os indicadores econômicos mais recentes, especialmente estes relativos ao mercado de trabalho, colocam o processo de negociações coletivas entre capital e trabalho em uma perspectiva diferente daquela enfrentada até meados deste ano. A crise não prejudicou os resultados das negociações, o mercado voltou a gerar empregos de forma vigorosa e a economia já ingressou em um ciclo de maior crescimento, reforçado pela chegada das festas de final de ano, que é sempre muito dinâmico no Brasil. Em Santa Catarina, a aprovação da Lei Complementar 459, que institui pisos salariais a partir de janeiro, vem trazendo mudanças importantes nas negociações coletivas, mesmo antes de começar a vigorar. Algumas entidades sindicais, com datas-bases no primeiro trimestre de 2010 estão negociando termos aditivos às suas convenções atuais, garantindo o piso da Lei Complementar. Em alguns casos, isso significa um aumento no piso de 30% ou 40%. Apesar de no interior de cada categoria, um número relativamente pequeno de trabalhadores ganharem o piso, a tendência é de que estes aumentos elevados na base da pirâmide salarial se reflitam sobre os demais salários, em um efeito cascata de natureza virtuosa. A velocidade de aderência à referida Lei vai depender da correlação de forças de cada...

2010 será melhor para a economia brasileira

09/12/2009
Este foi um ano de resistência para o Brasil. A economia brasileira iniciou 2009 com produção em baixa e desemprego em alta, emergindo da chamada recessão técnica ainda no segundo trimestre, quando cresceu 1,9%, frente ao primeiro trimestre. No último trimestre de 2008, e no primeiro deste ano, a economia brasileira havia encolhido 3,4% e 1%, respectivamente. No acumulado dos seis primeiros meses de 2009, o PIB havia recuado 1,5% e na comparação dos últimos quatro trimestres frente a igual período imediatamente anterior, o crescimento foi de apenas 1,3%. O nível de utilização de capacidade instalada da indústria atingiu em fevereiro, no pior momento da crise, 77,6% e o setor agropecuário, nos primeiros seis meses do ano, repetia a cada mês um resultado pior do que o verificado no mês anterior. Os investimentos privados paralisaram com a crise, o que se prolongaria até outubro, mais ou menos. Nos primeiros meses do ano a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) recuou expressivamente interrompendo uma trajetória anterior de crescimento, de vários trimestres consecutivos. O consumo das famílias durante toda a crise continuou expandindo, ainda que a taxas menores do que em 2008, em parte impulsionado pela normalização da oferta de crédito a partir de abril, mas também pelo crescimento da massa salarial, que reagiu tão logo passou o pior da crise. O comércio, que foi atingido no auge da crise, começou a se recuperar mais fortemente a partir de maio e, em julho, a receita nominal de vendas já acumulava alta em 12 meses de 11,4%, segundo os dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC-IBGE). Passados cerca de quinze meses dos piores momentos da crise, na conjuntura internacional aos poucos os problemas vão sendo superados. Já se observa uma maior estabilidade do crédito e o mercado interbancário está mais estável. Mas a retomada é lenta e repleta de altos e baixos. De qualquer forma, parece que o risco de uma crise sistêmica, pelo menos no curto prazo, está descartado. A crise sistêmica, ao que parece, já ocorreu, visto que mais de cem instituições financeiras faliram nos Estados Unidos, desde o início da crise. Por outro lado, os chamados ativos tóxicos dos bancos dos EUA, que demandou um robusto plano de ajuda econômica do governo estadunidense em março, aos poucos vão sendo digeridos pela economia. No Brasil, o crescimento econômico retomou com vigor e cada novo dado divulgado vem surpreendendo a todos. A combinação da política econômica adotada (que mistura estímulos fiscais, efeitos atrasados da redução dos juros e o aumento do crédito doméstico puxado pelos bancos públicos) vem expandindo o crescimento, o que se evidenciará na divulgação dos dados de evolução do PIB no terceiro trimestre, nesta semana. É possível que...

Novidades do trabalho

03/11/2009
Por mais de uma década, as teses sobre os inempregáveis e o fim do emprego formal hegemonizaram o pensamento neoliberal no Brasil. Diante do ridículo dinamismo econômico, acompanhado por uma despreparada opção pela abertura comercial, produtiva e financeira, a espiral de crescimento do desemprego, da informalidade e do desassalariamento regulamentado foi tratada pelos governos da época como um fenômeno natural e intrínseco aos novos tempos modernos. Frente à perspectiva tecnológica, inclusive, não haveria muito que fazer. Quando muito, se conformar com a tendência intrínseca dos inempregáveis. A proposição da flexibilização do mercado de trabalho e a defesa do autoemprego emergiram rapidamente como uma espécie de tábua de salvação dos que fracassavam na disputa por um posto de trabalho. Nesses termos, a vítima – expressa pela expansão do excedente da força de trabalho – era transformada em responsável toda vez que se opusesse à modernidade neoliberal. Modernidade essa que somente ousou flexibilizar o direito do trabalho, jamais o direito da propriedade. Com isso, qualquer defesa de medidas como a elevação real do salário mínimo ou a redução da jornada de trabalho era logo identificada como sinal de atraso. Ou seja, a volta aos velhos tempos da inflação alta e do protecionismo jurássico. Assim, o Brasil assistiu à queda contínua da participação dos salários na renda nacional, ao mesmo tempo em que a precarização tomou conta do funcionamento do mercado de trabalho. Em 2004, por exemplo, a renda do trabalho respondeu por 39,3% de toda a renda nacional, enquanto em 1990 era 45,3%. Na mesma toada, o emprego formal perdeu posição para o informal, enquanto o desemprego pulou de menos de 3% para 9% da força de trabalho ao longo dos anos de 1990. O mercado interno, em contrapartida, sofreu o impacto regressivo das opções neoliberais, com exclusão de parcela significativa da geração de jovens de encontrar no trabalho decente a possibilidade da ascensão social. Da condição imposta de inempregável, a ilegalidade e a violência se ofereceram rapidamente como oportunidades crescentes na difícil transição desde a adolescência para a vida adulta, especialmente nas grandes regiões metropolitanas do país. Somente a partir do início do século XXI que o abandono das teses neoliberais permitiu oxigenar a economia brasileira, favorecendo a expansão quase duas vezes maior que a verificada nos anos 1990. Simultaneamente, a volta do dinamismo econômico foi seguida por políticas de defesa do salário mínimo e da legislação reguladora do mercado de trabalho. O recente e contínuo aumento do salário mínimo acima da inflação vem ocorrendo sem mudanças na inflação. Ao contrário das teses neoliberais, a ampliação do valor real do mínimo foi acompanhada do forte crescimento do emprego formal. Não houve, ainda, explosão da folha de pagamento do setor público,...

Fracassomaníacos

21/10/2009
A invenção se deve às ironias com que FHC tentava desqualificar o debate. Conhecedor que era, se dedicou a essa prática, alimentada pelo despeito, o rancor e a inveja de ver seu sucessor se dar muito melhor do que ele. E os tucanos se tornaram os arautos da fracassomania, porque o governo Lula não poderia dar certo. Senão, seria a prova da incompetência, dos que se julgavam o mais competentes. Lula fracassaria porque não contaria com a expertise (expressão bem tucana) de gente como Pedro Malan, Celso Lafer, Paulo Renato, José Serra, os irmãos Mendonça de Barros, entre tantos outros tucanos. O governo Lula não poderia dar certo, senão a pessoa mais qualificada para dirigir o Brasil – na ótica tucana -, FHC se mostraria muito menos capaz que um operário nordestino. Por isso o governo Lula teria que fracassar economicamente, com a inflação descontrolada, a fuga de capitais estrangeiros, o “risco Brasil” despencando, a estagnação herdada de FHC prolongada e aprofundada, o descontentamento social se alastrando, as divergências internas ao PT dividindo profundamente ao partido, o governo se isolando social e politicamente no plano interno, além do plano internacional. A imprensa se encarregou de propagar o fracasso do governo Lula. Ricardo Noblat, apresentando o livro de uma jornalista global, afirmava expressamente, de forma coerente com o livreco de ocasião, que “o governo Lula acabou” (sic). A crise de 2005 do governo era seu funeral, os urubus da mídia privada salivavam na expectativa de voltarem a eleger um dos seus para se reapropriarem do Estado brasileiro. FHC gritava, no ultimo comício do candidato do seu partido, que havia relegado seu governo, com a camisa para fora da calça, suado, desesperado, “Lula, você morreu”, refletindo seus desejos, em contraposição com a realidade, que viu Lula se reeleger, sob o cadáver político e moral de FHC. Um jornalista da empresa da Avenida Barão de Limeira relatava o desespero do seu patrão, golpeando a mesa, enquanto dava voltas em torno dela, dizendo: “Onde foi que nós erramos, onde foi que nós erramos?”, depois de acreditar que a gigantesca operação de mídia montada a partir de uma entrevista a um escroque que o jornal tinha feito, tinha derrubado ao governo Lula. Ter que conviver com o sucesso popular, econômico, social e internacional do governo Lula é insuportável para os fracassomaníacos. Usam todo o tempo de rádio, televisão e internet, todo o espaço de jornal para atacar o governo, e só conseguem 5% de rejeição ao governo, com 80% de apoio. Um resultado penoso, qualquer gerente eficiente mandaria a todos os empregados das empresas midiáticas embora, por baixíssima produtividade. Como disse, desesperadamente, FHC a Aécio, tentando culpá-lo por uma nova derrota no ano que...

A marolinha, um ano depois

21/10/2009
Os adversários se animaram. Pensavam que o governo Lula havia obtido sucesso por não ter enfrentado nenhuma crise internacional Há um ano, o mundo era sacudido pelo estouro da bolha imobiliária norte-americana. Uma crise financeira e econômica se espalhou pelo planeta, travando o crédito e o comércio mundial. Depois da quebra do banco Lehman Brothers, US$ 25 trilhões em riquezas viraram pó em todo o mundo. Os governos, com seus trilionários pacotes para evitar a falência do sistema, sepultaram a era do Consenso de Washington. Mesmo assim, milhões de pessoas foram empurradas para a pobreza. Nesse cenário de incertezas, os adversários do governo Lula ficaram animados. Pensavam que o governo havia obtido sucesso até então por não ter enfrentado nenhuma crise internacional, ao contrário de FHC, que sofrera os efeitos de três delas, bem menores. Tripudiaram quando o presidente Lula previu que a crise, para o Brasil, seria uma "marolinha", não um tsunami. Lula assumiu a atitude de líder, pilotando pessoalmente as medidas de enfrentamento da crise e dirigindo-se à nação como quem vai à luta, não se deixando abater pela turbulência. Em dezembro passado, no auge da crise, estimulou os brasileiros a continuarem consumindo, dentro de suas possibilidades. Colocou os bancos públicos para compensar a retranca dos bancos privados. Orientou a Petrobras a ampliar os investimentos, quando muitos diziam que o petróleo a US$ 30 inviabilizaria a exploração do pré-sal. Reduziu IPI, IOF e Imposto de Renda dos assalariados. Lançou, no meio da crise, um poderoso programa de habitação popular, reconhecido pelos empresários e pelos movimentos sociais como a mais importante iniciativa do setor na história do Brasil. Hoje, diante dos dados de recuperação da economia, é fato que o Brasil superou o impacto principal da crise e retoma a trajetória de crescimento interrompida no ano passado. O Brasil deve ser um dos poucos países do mundo a fechar 2009 com PIB positivo. O mercado de trabalho aponta números claros: o Caged, cadastro do Ministério do Trabalho que só registra a movimentação de empregos formais, diz: nos 12 meses até junho de 2009, 390 mil empregos formais foram criados. Saldo positivo em plena crise. Foi com um conjunto de medidas corajosas que conseguimos atravessar a crise em situação melhor do que a de muitos países. Graças ao fortalecimento de instrumentos do Estado, como bancos oficiais e empresas estatais, como a Petrobras, rompendo com a lógica neoliberal que imperou até 2002, o Brasil teve musculatura para enfrentar o furacão gestado no centro do capitalismo. Ao agir prontamente, com todos os instrumentos públicos disponíveis, o governo pode conduzir o país com segurança no mar revolto da crise. A cada medida tomada, uma crítica da oposição. A cada sucesso, mudança de...

Rio 2016: A política no centro da vitória brasileira

13/10/2009
 Engana-se quem pensa que a escolha do Rio de Janeiro para sediar as olimpíadas de 2016 tenha obedecido a critérios meramente “técnicos”; seja na área dos transportes, infra-estrutura, logística, setor hoteleiro etc. Pude constatar que a escolha de um país para sediar os Jogos Olímpicos é uma decisão principalmente política. Trata-se da definição de um grande evento econômico e esportivo internacional, permeada por relações políticas e diplomáticas, que expressam um pedaço do cenário geopolítico mundial. A vitória do Brasil, além do esforço de autoridades desportivas e personalidades do esporte nacional, foi fruto do prestígio internacional do Presidente Lula e do sucesso de seu governo. A delegação brasileira que vivenciou a emoção da escolha do Rio em Copenhague era, de longe, a mais vibrante e articulada. O excelente trabalho de preparação, liderado pelo Ministro do Esporte, Orlando Silva, foi coroado pelo brilhante desempenho da comitiva brasileira, tendo à frente o Presidente Lula. Este desempenho foi decisivo para o convencimento dos “eleitores” indecisos nos momentos finais da escolha. A presença do Presidente do Banco Central do Brasil, Henrique Meirelles, reforçou a impressão já consolidada de que o Brasil foi um dos países mais bem sucedidos no enfrentamento à crise econômica. A expectativa de o país se tornar a quinta economia do mundo na próxima década serviu para soldar a confiança nas instituições do país. O tema da segurança foi rapidamente superado, a partir da exposição consistente de uma estratégia, já testada, de segurança em grandes eventos e, também, em função do compromisso do governo federal com a consolidação das diretrizes do Pronasci. A firmeza do governador Sergio Cabral quanto ao aprofundamento das experiências de policiamento comunitário no Rio deslocou, rapidamente, o tema da segurança para um patamar secundário. O equilíbrio institucional entre as três esferas de governo e a unidade político-administrativa dos entes federados foi um trunfo inestimável. Mais uma vez, atestamos o quanto fez bem ao Rio de Janeiro a superação da antiga visão paroquial, que afastou o Rio dos grandes temas nacionais por tantos anos. O Rio de Janeiro, mais do que nunca, demonstrou a força de seu reposicionamento na Federação e novas perspectivas se abrem agora para a retomada do Rio como ator decisivo para a consolidação da República e da democracia em nosso país. Foram decisivas a altivez da política externa do Brasil, a solidez de nossa economia, o papel de liderança regional e a consistência de nossas instituições democráticas. A política presidiu a vitória brasileira. E não se trata aqui de pretender angariar algum dividendo eleitoral com esta afirmação. Certamente, não será este fato o que decidirá as eleições presidenciais de 2010. Até por que todas as correntes políticas e ideológicas apoiaram a candidatura do Rio....

Cúpula de Pittsburgh: temos motivos para comemorar?

23/09/2009
A Cúpula de Pittsburgh se realiza nos próximos dias sob um signo otimista, que não esconde preocupações. Há um ano, diante da dramática recessão que se alastrava mundo afora, muitos não hesitaram em antever a repetição da crise de 1929. Graças a medidas acordadas na Cúpula do G-20 em Londres, em abril, conteve-se a pior ameaça à economia global em décadas. Depois de ter caído 9%, o comércio global já vem reagindo, graças aos US$ 250 bilhões injetados por meio de créditos flexíveis e sem condicionalidades. Quase 50 milhões de empregos serão perdidos em 2009, mas já há sinais de estabilização. Foram US$ 750 bilhões para estimular a demanda e estabilizar as contas externas de países, sobretudo em desenvolvimento, atingidos pela queda brusca do comércio e do crédito externos. Mais importante do que a escala sem precedente de recursos mobilizados foi a demonstração ágil e decidida de vontade coletiva. Devolveu-se, em parte, a confiança necessária para que a economia funcione neste momento de grande incerteza e turbulência. A comunidade internacional esteve à beira do abismo, mas soube reagir. Devemos comemorar por termos evitado o pior? Devemos simplesmente esperar a próxima crise? Afinal, caiu por terra a ilusão de que os mercados são autorreguláveis e de que a ganância financeira faz parte da lógica econômica. Mas os países que não partilhavam essas ilusões sobre o ganho fácil tampouco foram poupados pelos efeitos da crise. Ao se reunir, pela primeira vez, em Washington, em novembro de 2008, os líderes do G-20, ainda que não tenham dado respostas mais abrangentes, não se deixaram embalar pela inércia ou pelo fatalismo. Sabiam que a crise espelha desequilíbrios estruturais, que vão além de excessos de natureza financeira. As mudanças climáticas e a crescente competição global por energia e mercados confirmam de forma dramática o que já sabíamos: a globalização nos tornou cada vez mais dependentes uns dos outros. O Brasil tomou a dianteira, ainda no ano passado, ao defender a consolidação do G-20 como um foro de líderes, para introduzir racionalidade no tratamento da crise. Era chegada a hora de demonstrar vontade política, de empreender transformações profundas. Por isso nos preocupa a relutância dos países desenvolvidos em avançar na agenda de reforma das instituições de Bretton Woods. Há enormes resistências em regular os mercados financeiros. Bancos repetem práticas que precipitaram o caos recente. Banqueiros continuam sendo fartamente remunerados, enquanto milhões de homens e mulheres perdem seus empregos. Tampouco compreendemos a resistência dos países industrializados em assumir sua parte no combate ao aquecimento global. Eles não podem delegar aos países em desenvolvimento responsabilidades que lhes são exclusivas. São inadmissíveis os sinais de recaídas protecionistas e a paralisia da Rodada Doha, quando sabemos que sua conclusão contribuiria...

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