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Professor Sadi Dal Roso / UNB “A hora extra no Brasil é a possibilidade de duas horas extras durante os 365 dias do ano e alonga a jornada de uma maneira fantástica.” criticou o professor da Universidade de Brasília (UNB), Sadi Sal Roso. Segundo ele, embora as greves tivessem um papel fundamental na redução da jornada laboral, estabelecendo a jornada de 44 horas semanais, a possibilidade de extensão da jornada é um mecanismo que acrescenta a jornada de trabalho indefinidamente. Para o palestrante, a intensificação do trabalho se coloca como um complemento à redução da jornada de trabalho por ser o único mecanismo adicional de mais valia.

Portanto, o professor sugere que essas questões sejam enfrentadas com firmeza. Para ele, extinguir o complemento das duas horas extras diárias à jornada de trabalho é uma possibilidade e está ao alcance da luta dos dirigentes sindicais e dos sindicalizados.

O professor Sadi Dal Roso destacou que a partir do século 19, a jornada de trabalho foi reduzida

Em todo o mundo. No Brasil, a Constituição de 1988 estabeleceu a jornada de 44 horas semanais. Embora haja trabalhadores que laborem mais, o professor destacou que este é o nosso norte.

O palestrante afirmou que a crise cria mecanismos mais duros sobre o trabalho, alongando a jornada ou aumentando a exigência por resultados. “As crises são esses momentos em que o trabalho é reorganizado, as pessoas são demitidas, perdem seu salário e seus empregos, então ficam muito vulneráveis e qualquer um de nós que se encontre nesta situação aceita qualquer oferta, então as crises são um momento em que são criados novos mecanismos de intensificação do trabalho. ”

“A intensidade laboral não se prende somente a esta crise que nós estamos vivendo. A questão da intensidade do trabalho e do grau de intensidade é uma questão muito mais ampla do que a questão conjuntural, é uma questão estrutural e de larga duração. É claro que de certa forma nós podemos pensar que não existe trabalho que não tenha algum grau de intensidade, evidentemente. Mas quando vendemos nossa força de trabalho para terceiros, o poder de decisão sobre o ritmo que nós vamos dar ao trabalho no dia a dia é determinado por aqueles que administram as empresas e os negócios. ” declarou o professor da Universidade de Brasília (UNB), Dr. Sadi Dal Roso.

A pesquisadora da Fundacentro, Cristiane Queiroz, destacou por meio de dados como se dá a intensificação do trabalho e procurou relacioná-los com as estatísticas de saúde e segurança do trabalhador.

Cristiane pontuou que a categoria dos comerciários, no setor formal, são os maiores e possuem, segundo dados do Dieese, 19,8% dos trabalhadores formais – ficando apenas atrás do setor de serviços. Além disso, a pesquisadora da Fundacentro mostrou que o setor de comércio foi a que mais cresceu – cerca de 90% entre 2001 e 2015.

Assim como o Professor Sadi, Cristiane Queiroz destacou que os estudos sobre a intensificação do trabalho se focaram na duração da jornada de trabalho. “Isso pode ser visto através da jornada semanal. E o comércio continua com a maior jornada média semanal de trabalho nos últimos 10 anos, de acordo com o Dieese. ” A pesquisadora destacou que o setor do comércio não cumpre a jornada semanal legal de 44 horas semanais e ressaltou a existência do banco de horas, que torna a longa jornada ainda mais prejudicial ao trabalhador.

Além disso, Cristine destacou que a rotatividade e a informalidade no setor são altas e podem ser fatores que fazem com que os dados estejam subestimados, fazendo com que o problema real enfrentado pelos comerciários seja ainda mais grave. Portanto, a pesquisadora questiona se é possível – através dos dados de jornada – relacionar com os dados de adoecimentos e acidentes de trabalho.

Ao pontuar que o sistema de registro de acidentes de trabalho é ineficaz, Cristine destacou que mesmo assim os dados são alarmantes. Entre os acidentes de trabalho, a pesquisadora informou que em 2004 foram mais de 38 mil e que os índices quase dobraram, em 2014, passando dos 60 mil. Entre as doenças ocupacionais, Cristiane afirmou que passaram de 15 mil para 21 mil, no mesmo período.

“E a gente pode multiplicar isso porque como é um setor que tem uma informalidade grande não vai aparecer aqui os adoecidos e os acidentados da informalidade. Nós temos aqui somente números formais e aqueles que as empresas admitiram porque tem aqueles outros que ficaram na dúvida e que foram de difícil comprovação. ” reiterou.

Mesmo com o crescimento do setor nos últimos dez anos, Cristiane Queiroz alerta que não podemos continuar com esta curva ascendente de acidentes e doenças do trabalho. “O ideal seria aumentar os postos e manter os dados. Não podemos aumentar juntos. Isso significa que não fizemos nada. O quadro nos faz pensar que caminhamos sem muito fazer porque o aumentamos os postos de trabalho e temos também o aumento considerável de acidentes e doenças relacionadas. ”

Fonte: Adriana Franco / Contracs

Publicado em 9/08/2016 - Tags: , ,

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