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A secretária-geral da Confederação Sindical Internacional (CSI), a australiana Sharan Burrow, se reuniu nesta terça-feira (16) com dirigentes da CUT, Força Sindical e UGT – suas centrais brasileiras afiliadas – na sede da Confederação Sindical dos Trabalhadores das Américas (CSA), em São Paulo, para debater formas de enfrentamento à crise financeira, organização e mobilização da classe.

Sharon destacou a importância das lideranças sindicais  enfrentarem a disputa política  com os que fazem a defesa do “mercado, da desregulamentação e do corte de direitos sociais um mantra”. “A ortodoxia antiga está voltando, as forças neoliberais estão se rearticulando com o velho discurso do medo. Mesmo na Europa, coração da democracia e dos direitos humanos, os governantes passaram a defender medidas de austeridade que tiram dinheiro do Estado e dos contribuintes para ajudar o sistema financeiro”, condenou.

De acordo com a dirigente da CSI, os recursos drenados à especulação têm sido alavancados, “com os emissores de títulos dizendo o que os países podem ou não fazer com os seus próprios orçamentos”. A receita da direita é sempre a mesma, apontou, “o enfraquecimento do Estado, a retirada dos direitos dos trabalhadores nas negociações coletivas, a redução dos salários e das garantias sociais”. Para isso, denunciou, “fazem de tudo para tirar o poder dos Sindicatos e impedir que as pessoas possam se associar”.

Dentro de uma situação internacional extremamente grave e complexa, alertou Sharon, “o Brasil é um dos poucos pontos brilhantes num mundo triste”. Além da política de valorização do salário mínimo, acordada com o governo Lula, lembrou, “houve avanços no emprego, na proteção social e na garantia de direitos, fazendo um contraponto ao receituário conservador. Agora, naturalmente, é hora de manter a pressão aqui no Brasil para que os salários continuem sendo prioridade e não se inverta o fluxo do progresso com precarização e informalidade”.

A ação deletéria que vem sendo desenvolvida pelas corporações transnacionais, “que se tornaram mais poderosas que os próprios governos e atuam para corromper o poder público e dobrá-lo aos seus interesses é uma realidade”, apontou. Ela citou o caso da Câmara Americana de Comércio, “composta pelos mesmos lobistas que atuam na Casa Branca, que passam a pressionar pelo retrocesso e a atacar os direitos trabalhistas no conjunto dos países”.

Para o secretário-geral da CUT Nacional, Quintino Severo, a arquitetura financeira do conservadorismo “recai uma vez mais sobre o Estado, reduzindo políticas sociais, salários e investimentos para alavancar a crise do capital”. Nesta queda de braço com os setores reacionários, observou, ganha importância a atuação consciente e organizada do movimento sindical brasileiro e internacional.


TRANSNACIONAIS DO ATRASO – O secretário de Relações Internacionais da CUT, João Felício, destacou a propriedade das colocações da dirigente da CSI e a sintonia com o que está sendo vivenciado pelo movimento sindical no Brasil e no mundo. “Vemos que quando o setor empresarial é irresponsável ele vai à falência. Mas quando a irresponsabilidade é do sistema financeiro ele é imediatamente socorrido pelos governos”, declarou.

João Felício defendeu uma maior articulação das centrais contra as práticas antissindicais no país, alertando que a proximidade da Copa do Mundo de 2012 e das Olimpíadas exigirá uma ação unitária de maior envergadura. “Não queremos que a Fifa faça aqui o que fez na África do Sul. Infelizmente poucos dirigentes de futebol têm comportamento respeitável e é preciso pressão para garantir que os direitos dos trabalhadores e das populações envolvidas sejam respeitados”, acrescentou.

O secretário de Relações Internacionais da CUT conclamou ainda para que todos os presentes participem ativamente do lançamento da campanha pelo Estado da Palestina, já!  – marcada para o próximo dia 29 de agosto – em consonância com a CSI. Para João Felício, é preciso respeitar a soberania e a auto-determinação do povo palestino, que luta contra a política de terrorismo de Estado de Israel.

Sharon, que visitou no ano passado os territórios palestinos ao lado de João Felício, reiterou que a hora é de combater “a sombra da ocupação, com seus assentamentos e prisões e apoiar a coragem fantástica de um povo que enfrenta as forças poderosas do atraso”.

Pela CUT, também participaram da reunião a secretária de Comunicação, Rosane Bertotti; o secretário de Políticas Sociais, Expedito Solaney e a secretária de Saúde do Trabalhador, Junéia Martins Batista. Compuseram a mesa os seguintes dirigentes da CSA: Victor Báez, secretário geral; Rafael Freire, secretário de Política Econômica e Desenvolvimento Sustentável e Laerte Teixeira, secretário de Políticas Sociais da CSA.

CUT por Leonardo Severo


Publicado em 17/08/2011 -

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