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Somente nos últimos 12 meses até junho, o país gastou R$ 222,9 bilhões (5,73% do PIB), com os juros da dívida pública, acima da média mundial (1,9%) e a dos países emergentes (1,8%). A taxa de juros real brasileira figura como a mais elevada do mundo, em boa parte, para manter os títulos públicos atraentes e o Brasil continuar rolando a dívida pública. Quando a taxa de juros aumenta, além de valorizar a moeda e afetar diretamente a competitividade industrial, há um prejuízo direto no orçamento da União, na medida em que boa parte da dívida pública é indexada à taxa Selic, uma política que atualmente só é praticada no Brasil.

     Em função do aumento recente da Selic, somente nos últimos 12 meses o Tesouro Nacional arcou com despesas adicionais de juros acima de R$ 50 bilhões, equivalente ao valor dos cortes no orçamento que o governo anunciou no início deste ano. Atualmente o montante gasto com juros da dívida pública, é superior ao que o país gasta com educação em todos os níveis de governo, cerca de 5,2% do PIB.

     A redução dos juros básicos da economia brasileira é fundamental também pela extrema necessidade de reduzir o ritmo de valorização do real. Em decorrência da complexa conjuntura mundial, em que os países emergentes vêm desempenhando o papel de puxadores do crescimento, é difícil pensar que o real não vá se valorizar ao longo dos próximos anos. Especialmente se o Brasil lograr as suas intenções de galgar postos no ranking das economias globais. Mas a política monetária não pode acelerar esse processo, sob pena de inviabilizar boa parte da indústria de transformação brasileira.

     As medidas anunciadas nesta semana do Plano Brasil Melhor significam um passo importante na tentativa de melhorar a competitividade da indústria, sendo bastante abrangentes, tratando de temas como defesa comercial, desoneração tributária, financiamento ao investimento, financiamento à inovação, desoneração das exportações, etc. Mas o déficit comercial do setor não será revertido no curto prazo, devendo ser um processo que irá requerer perseverança. Ademais, o conjunto de medidas corretamente elencadas para elevar a competitividade da indústria nacional só terá eficácia se a valorização do real for desacelerada.

Autor: José Álvaro de Lima Cardoso – Economista e supervisor técnico do DIEESE em Santa Catarina

Publicado em 8/08/2011 -

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