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Artigo - ilust-patoPor Angelo Raimundo Rizzi- Presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Comércio de Videira

Há algum tempo, empregadores de pequeno e médio porte aderiram à campanha do pato amarelo, proposta pelos representantes das grandes corporações e encabeçada pela FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Naquele momento, o vice-presidente da FIESP Benjamin Steinbruch declarou que “o trabalhador não precisa de uma hora para almoçar, (…) ele pode segurar o sanduiche com a mão esquerda e operar a máquina com a mão direita”. Empresários riquíssimos então encamparam a ideia de que não iriam pagar o “pato” e lançaram o famoso pato que também ficou conhecido como “o pato da FIESP”.
A “conta” que os empresários não queriam pagar eram os direitos sociais e trabalhistas, ou seja, eles não queriam diminuir nada dos seus imensos lucros e transferir essa renda para os trabalhadores. Foram apresentadas então as reformas com o objetivo de retirar direitos dos mais pobres, a grande parte da população brasileira. Foi propagada a falsa ideia de que estas reformas gerariam empregos.

Primeiro ato
Veio então a terceirização, que nada mais é do que VOCÊ, TRABALHADOR, ser demitido e recontratado para a mesma função com o mesmo salário…. Até aí parece legal, não é? Sim, você não teve redução salarial, por outro lado também não ocorrerá o recolhimento da Previdência Social que lhe garantiria auxílio financeiro em caso de doença e ou acidente e aposentadoria. Também não será recolhido – em uma conta que apenas você poderia movimentar – o depósito de 8,0% de sua renda a título de Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Você não receberá 13º salário e nem férias, a menos que consiga inserir uma cláusula que lhe garanta estes direitos no contrato. Porque a relação entre trabalhador e empresa não será como quando você era contratado: você será uma pessoa jurídica e seu contrato poderá ser extinto a qualquer momento, sem a obrigatoriedade de indenização porque, por exemplo, apareceu outra pessoa jurídica e ofereceu os mesmos serviços por valor inferior.

Segundo ato
Depois veio o teto dos gastos públicos, que congelou por 20 anos os investimentos públicos, atingindo em cheio a Saúde, Educação e a Segurança. Aí, depois de estar sem assistência social, porque não recolheu o valor da Previdência, você trabalhador encontrará dificuldade ainda maior em acessar o Sistema de Saúde (com a demora no atendimento a doença se agrava). Talvez então você pense: vou estudar para tentar uma qualificação que gere renda melhor…. Pronto, mais uma vez você encontrará dificuldade de acesso. E, ainda, com a segurança comprometida, pode ser prejudicado de todas as formas pelas agruras da vida.

Terceiro ato
O terceiro ato deste teatro dos pesadelos ocorre com a reforma trabalhista, que veio para suprimir vários direitos conquistados pelos trabalhadores ao longo da história. Muito provavelmente a reforma da Previdência será aprovada, esticando ainda mais o tempo necessário para ter direito à aposentadoria.
Então, transformaram os empregos formais em vaga com renda precária, que não será vista nem sentida imediatamente, mas terá o efeito bola de neve…
Aqui em nossa cidade, como em tantas outras, os pequenos comerciantes apoiaram, e apoiam, a destruição que as reformas provocarão nos direitos e na vida dos trabalhadores. Terão segurança jurídica ao contratar mão-de-obra mais barata e os primeiros efeitos já chegaram, trazendo na bagagem queda nas vendas do comércio. Agora, adivinha em quem os comerciantes querem descontar a queda nas vendas? No trabalhador é claro. Pra isso buscarão piorar ainda mais a vida de seus vendedores, flexibilizando os horários de atendimento. Traduzindo: empregadores apoiaram as ações que geram desemprego, redução salarial e queda nas vendas. E aí querem que o trabalhador pague o pato trabalhando em longas e exaustivas jornadas. Isso para os pequenos empresários recuperarem o que perderam e os grandes continuarem ganhando ainda mais. Mas eles conseguiram: não vão pagar o pato. Quem vai pagar o pato amarelo somos você, eu e todos os demais trabalhadores brasileiros.

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