Pesquisar

Redes sociais


Print Friendly, PDF & Email

Democratização da ComunicaçãoDepois de um exaustivo dia de trabalho, o trabalhador chega em casa, senta no sofá liga a televisão e assiste ao telejornal local, “coincidentemente” a fala do repórter é a mesma que ele leu no jornal comprado na saída do terminal urbano e os comentários são os mesmos que ele ouviu no rádio do carro do serviço. É tudo igual! Essa é a comunicação em Santa Catarina, tudo o que se lê, ouve e fala é por um único ponto de vista, pela visão do Grupo Rede Brasil Sul, a RBS dos Sirotski.

Atualmente o maior grupo de comunicação do estado é controlado por uma família gaúcha, que monopoliza quase 100% dos principais meios de comunicação dos catarinenses, eles são donos de seis emissoras de televisão, cinco jornais de circulação estadual e três emissoras de rádios, sem falar de um canal na Tv a cabo e mais os portais de internet. Isso é inconstitucional, pois, de acordo com o parágrafo 5º, artigo 220 da Constituição Federal de 1988, os meios de comunicação social não podem ser objeto de monopólio ou oligopólio.

Os custos da des-informação – Porém, essa ilegalidade traz muito lucro para a família Sirostki, que além de controlar a informação do povo catarinense, acumula grandes cifras de faturamento, como foi em 2014 que o Grupo RBS teve um lucro líquido de 102,4 milhões de reais.

Mas a vantagem desse monopólio não está em planilhas de entradas e saídas, custos e investimentos, a vantagem está no controle da população através dos meios de comunicação. A agricultora familiar, Adriana Maria Antunes, Secretária de Comunicação da CUT-SC, salienta que a principal ferramenta para manter o status quo é a comunicação. “Como que os trabalhadores vão se rebelar com os gastos da Ponte Hercílio Luz se isso não é notícia? Como que eles vão cobrar o fim das Secretarias Regionais do estado, se isso não é pauta dos jornais da RBS? Como que eles vão se organizar enquanto classe trabalhadora, se tudo o que os meios de comunicação colocam é que os sindicatos e movimentos sociais são baderneiros e só fazem arruaça?”, são perguntas da agricultora familiar que demonstram como o grupo privilegia e trata diferentes informações.

A corrupção na RBS – Mas o grupo da família Sirotski, embora a mídia não fale nada, está passando por uma grande investigação. A RBS, que tem comentaristas que falam grosso sobre o combate a corrupção, esconde da população catarinense um escândalo bilionário de roubo do dinheiro público. Apelidada de Operação Zelotes, desde março deste ano, a Polícia Federal tem cumprido mandatos de busca e apreensão contra a RBS e mais outras 12 empresas. Estima-se na investigação que todas elas deram um rombo de 5,7 bilhões de reais aos cofres públicos, sonegando impostos e usando do tráfico de influência para dar “sumiço” a dívidas públicas.

A investigação, que trata de um valor muito maior que a Operação Lava-Jato, não ganha o mesmo destaque da Petrobrás, basta fazer uma pesquisa rápida nos meios de comunicação da RBS, para encontrar três ou quatro textos sobre a Operação em que ela é ré, ao contrário da Lava-Jato, que falta espaço para tantas “notícias” sobre a corrupção na Petrobrás.

A resistência – Corajosos são os que tentam denunciar as irregularidades da RBS em Santa Catarina, existem alguns poucos que remam contra a maré e enfrentam esse oligopólio, demonstrando os malefícios para a sociedade do controle da informação por um único grupo. Celso Antônio Três, então, procurador regional dos Direitos do Cidadão em Santa Catarina, no final de 2008 fez essa tentativa, entrou com uma Ação Civil Pública com o objetivo de tutelar o direito de informação e expressão dos cidadãos catarinenses, porém passados oito anos desta ação, até agora o processo está tramitando e sem previsão de novidades.

Aos movimentos sociais e a população de Santa Catarina resta à resistência ao monopólio desta família, que traz grandes prejuízos para os catarinenses. “Não somos uma verdadeira democracia, porque o poder soberano não nos pertence, ele está nas mãos de famílias poderosas que decidem o que devemos ou não saber”, explica Adriana.

A CUT tem trazido este debate para dentro do movimento sindical e para os trabalhadores, segundo Adriana, é preciso engrossar a luta pelo acesso do povo aos meios de comunicação. “As empresas ocupam espaços públicos, como é o caso da concessão de televisão e rádio, não podemos nos calar, vamos denunciar e lutar por uma nova lei de comunicação que garanta vez e voz à todos e todas!”

Junto com o Fórum Nacional da Democratização da Comunicação – FNDC, a central puxa um abaixo assinado para um Projeto de Lei de Iniciativa Popular por uma Mídia Democrática, dentro do projeto esta a regulamentação dos artigos 5, 21, 220, 221, 222 e 223 da Constituição Federal, que já prevê a transparência nas concessões de canais de rádio e televisão, o fortalecimento da comunicação pública e comunitária, e a diversidade e a pluralidade de conteúdo nos meios de comunicação do Brasil.

Junte-se nessa luta pela democratização da comunicação, assine online ou baixe o formulário de assinaturas.

Fonte: por Sílvia Medeiros / CUT-SC

Siga-nos

Sindicatos filiados