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A migração entre regiões brasileiras diminuiu na última década. Mesmo assim, Santa Catarina é o segundo Estado que teve o o maior saldo migratório — diferença entre número de imigrantes e emigrantes. Em 2009, chegaram 194 mil pessoas e partiram 113,5 mil, um saldo de 80,4 mil. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados na última sexta-feira.

O saldo migratório do Estado aumentou em comparação com 2004. Há sete anos, foram 214,2 mil imigrantes e 139,2 mil emigrantes — uma diferença de 75 mil habitantes. Os dados ainda mostraram que mais de 80% de imigrantes de SC vieram de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.

O maior saldo migratório, em 2009, foi Goiás. Em terceiro lugar está Espírito Santo, seguido do Paraná. Se SC e PR se destacam, o Rio Grande Sul perdeu mais população do que recebeu. O saldo migratório da região foi negativo em 2009, com 90,6 mil imigrantes e 104 mil de emigrantes.

Outro dado que se destaca no Estado é sobre Lages. Na contramão do que revelou o Censo 2010, de que as cidades com menos de 500 mil habitantes são as que mais crescem, o município está entre os que mais perdem população. Joinville também aparece na pesquisa. Ela está entre as cidades de grande porte que tiveram uma faixa de crescimento anual entre 1,5% e 3% ao ano.

A pesquisa ainda apontou que na última década começou a haver um movimento de retorno de moradores às regiões de origem. A corrente migratória mais expressiva continua a ser entre o Nordeste e o Sudeste, mas houve redução. A região nordestina foi a que apresentou o maior número de migrantes retornando para seus estados, seguida, em menor escala, pela região Sul.

Dados não surpreendem especialistas

O professor de geografia econômica José Messias Bastos afirmou que os dados não trazem nenhuma surpresa. Ele observou que o Nordeste cresceu industrialmente na mesma média brasileira, gerando empregos. Iniciativas do governo federal, como o programa Bolsa Família, também contribuíram para o nordestino permanecer no estado natal.

Messias acrescenta que a industrialização passou a acontecer em todas as regiões brasileiras, e não apenas como era observado em São Paulo e no Rio de Janeiro, que perderam mercado para outros estados.

Já sobre SC, o especialista diz que características físicas e econômicas são fatores que fazem com que mais pessoas queiram ficar do que sair. Além do apelo turístico, pela diversidade de paisagens, o Estado é um atrativo por gerar empregos. No Litoral, a construção civil a expansão atrai mão-de-obra e assim como o crescimento industrial acima da média brasileira. De acordo com eles, há imigrantes que vêm para o Estado para trabalhar por um período, mas acabam ficando. Outro perfil de imigração é o de pessoas que escolhem as cidades catarinenses pela qualidade de vida, como empresários paulistas e aposentados.

Os dados divulgados pelo IBGE destacam Lages entre quatro cidades brasileiras de porte médio que apresentaram decréscimo populacional avançado. As outras três são Uruguaiana (RS), Foz do Iguaçu (PR) e Ilhéus (BA). Se comparado o último censo, de 2010, com o penúltimo, em 2000, a queda em Lages foi de 3.560 habitantes. Mas se a comparação for com a contagem populacional de 2007, a diferença mais que dobra e a redução chega a 7.461 moradores.

Foi pouco antes do censo de 2000 que o empresário Ori Chaves Coelho e a psicóloga Maria Terezinha Duarte Coelho, ambos de 61 anos, começaram a ver os três filhos saírem de Lages, para provavelmente nunca mais voltarem a viver na cidade. O último foi embora há quatro anos, e o casal planeja fazer o mesmo em breve.

A filha do meio, de 33 anos, e o filho mais novo, de 26, são químicos industriais em Joinville. Já a filha mais velha, de 39, é pedagoga em Indaial. Os três saíram de Lages em busca de uma vida profissional de sucesso e, apesar de terem conseguido e de isso encher os pais de orgulho e alegria, o coração aperta pela distância e saudade.

— É muito difícil eles voltarem a viver em Lages, e nós devemos tomar o mesmo rumo, apesar de gostarmos muito daqui. Não vimos o nosso neto crescer e queremos estar mais perto da família, pois ficamos sozinhos — dizem Ori e Maria, segurando um quadro com fotos da turma.

Joinville cresceu 16,6%

Das cidades consideradas de grande porte, Joinville foi a segunda que mais cresceu em dez anos no Brasil, excetuando as capitais. Neste período, o município catarinense cresceu 16,63% (média de 2,04% ao ano). Se contarmos as capitais, a cidade fica em sexto lugar.

O IBGE constatou que as cidades que mais cresceram são as que tem menos de 500 mil habitantes, o que demonstra a influência da migração, muito embora as grandes cidades continuem concentrando parcela expressiva da população (aproximadamente 30%). Entre as cidades com altas taxas de crescimento (8% do total), nenhuma possui mais de 500 mil habitantes. A explicação sobre o crescimento não fica claramente explicitada pelo tamanho do PIB per capita, muito embora os municípios com os melhores indicadores se encontram nesta lista.

Na outra ponta da tabela, percebe-se que 27% dos municípios (a maioria com menos de 10 mil habitantes) estão perdendo população. Em 2008, a grande maioria apresentava PIB per capita muito baixo.

DC

Publicado em 18/07/2011 -

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