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O ex-governador de São Paulo Luiz Antonio Fleury Filho (na época no PMDB) admitiu nesta terça-feira (16) “responsabilidade política” pelo massacre do Carandiru, em outubro de 1992, quando ele chefiava o estado, mas disse que não autorizou a entrada da Polícia Militar na Casa de Detenção e que não acompanhou as investigações posteriores porque, segundo suas palavras, tinha de governar e “não era delegado” para cuidar da apuração dos crimes. No episódio, 111 presos foram assassinados, com características de execução, pelos homens da Rota que invadiram o presídio.

“A responsabilidade política do evento é minha, porque eu era o governador. A penal cabe aos acusados responderem”, afirmou Fleury no segundo dia de julgamento de 26 dos 84 policiais indiciado pelas mortes. O Tribunal do Júri ocorre no Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste de São Paulo. Ele depôs como testemunha de defesa dos agentes de segurança.

O ex-governador relatou que a ordem para entrada da PM foi dada pelo então secretário de Segurança Púbica do estado, Pedro Franco de Campos, que também depôs hoje como testemunha de defesa. “Ele tinha autonomia”, disse. Fleury lembrou que estava em Sorocaba, interior de São Paulo, no dia do episódio, que demorou a se inteirar da situação (“Na época não havia telefonia celular”, disse) e que, ao chegar à capital, o massacre já havia ocorrido. Ele afirmou, porém, que a ação da PM foi “necessária e legítima”.
Eleições e PCC

Durante seu depoimento, o ex-governador negou que tenha escondido o número oficial de mortos para evitar prejuízos eleitorais. A invasão ocorreu em 2 de outubro, um sábado. No dia seguinte haveria eleições municipais. A totalização dos 111 mortos só se tornou pública às 16h de domingo, uma hora antes de as urnas serem fechadas. Antes, o governo falava que havia entre 40 e 60 vítimas. Fleury disse que a demora na divulgação se deu por “cautela”.

Ele também refutou a tese de que o grupo criminoso Primeiro Comando da Capital (PCC) tenha surgido por causa do massacre. “O PCC, que dizem ter sido criado no meu governo, era só um time de futebol, porque não teve espaço para crescer”, ironizou. Segundo Fleury, o grupo só fortaleceria no governo seguinte, do tucano Mário Covas.
“”Espalhamento””

Pedro Franco de Campos falou ao júri depois de Fleury e confirmou que estava à frente da operação, que conduziu por telefone porque a presença dele no local “não foi solicitada”. Ele reforçou a tese de que havia uma rebelião no Pavilhão 9 (rechaçada pela acusação) e disse que a invasão ocorreu para que não houvesse o “espalhamento” para o Pavilhão 8.

Campos afirmou que conversou “pessoalmente” com o coronel Ubiratan Guimarães, comandante da Rota à época, e que teria dito a ele: “Havendo necessidade, pode entrar”. O comando in loco das operações teria ficado com mo secretário-adjunto Antonio Filardi Diniz.

Com a fala de Campos, foram encerrados os depoimentos de testemunhas. A próxima fase do julgamento será a audição dos réus.

Rede Brasil Atual

Publicado em 17/04/2013 -

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