Pesquisar

Redes sociais


Print Friendly, PDF & Email

Oswaldo Miqueluzzi *

 

Na contracorrente do que se tem escrito no Brasil, o professor titular de Ciência Política da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Armando Boito Jr., assinala que “o sindicalismo tornou-se uma força importante no processo político nacional” e que “vivemos na última década um período de ganhos reais para os trabalhadores”.

 

Dois fatores são destacados por ele para sustentar sua tese de que, desde o ano de 2004, “o sindicalismo brasileiro entrou num período de ascensão”. O primeiro, é o número de greves no período, que ascendeu de modo linear de pouco mais que trezentas no ano de 2004, para mais de 800 em 2012. O segundo, decorrente, segundo ele, desse “crescimento da atividade grevista”, foi o crescimento linear e ininterrupto dos aumentos reais nas convenções e acordos coletivos, que passaram de apenas 18% em 2003 para cerca de 95% em 2012.

 

A esses fatores, ele ainda acrescenta o seguinte:

 

O que mudou no século 21 é que foram retomadas taxas mais altas de crescimento econômico, reduziu-se drasticamente o desemprego, governos de esquerda e de centro esquerda chegaram ao poder. No Brasil, foi implementada uma política de recuperação do salário mínimo. A ideologia neoliberal entrou em declínio. Todas essas mudanças favoreceram o movimento sindical. São elas que explicam, conjuntamente, a recuperação do sindicalismo brasileiro nas décadas de 2000 e de 2010.

 

Para Armando Boito Jr., “os governos da última década construíram aquilo que denomino uma frente política neodesenvolvimentista. Integram essa frente a grande burguesia interna, que é a sua força dirigente, a maior parte do movimento sindical, a baixa classe média, o campesinato e os trabalhadores da massa marginal. Todos têm ganhado algo com essa frente, embora a grande burguesia interna seja a grande favorecida pelo neodesenvolvimentismo”.

 

Ele ressalta, porém, que o movimento sindical, embora tenha obtido ganhos, “não tem logrado alcançar suas reivindicações históricas de redução da jornada de trabalho, de regulamentação restritiva da terceirização e outras”.

 

Para isso, ele chama a atenção para a necessidade de organização do movimento operário e popular.

 

Segundo ele, “os partidos políticos de massa, com ampla organização da população trabalhadora, congressos regulares, programas políticos discutidos e aprovados em congressos, foram criação do movimento operário. A burguesia não precisa desse tipo de partido. Ela já tem o Estado para organizar seus interesses”.

 

Assim, para defender seus interesses, os trabalhadores precisam superar o espontaneísmo e participar do movimento popular, das lutas nos bairros e nos seus sindicatos.

 

Fonte: Armando Boito Jr.: “Organização é tudo para o movimento popular”. Revista “Caros Amigos”, abril de 2014.



* Advogado e pós-graduado em História Contemporânea.

Autor: Oswaldo Miqueluzzi

Publicado em 13/05/2014 -

Siga-nos

Sindicatos filiados