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Enquanto sofre com o tiroteio político e acompanha a piora da crise internacional, o governo recebeu uma boa notícia na área econômica. A agência de classificação de risco Standard&Poor’s elevou o rating soberano brasileiro de longo prazo de BBB- para BBB, com tendência estável, destacando a capacidade do país de reduzir os impactos da situação externa. Ratings são classificações adotadas pelas agências que costumam servir de medida para determinar o grau de segurança de países para, por exemplo, receber investimentos.

“”Consideramos que a combinação do compromisso assumido pelo Brasil com políticas econômicas cautelosas, a diversificação de sua economia e a melhora gradual de perfil externo deve moderar o impacto de potenciais choques externos e respaldar as perspectivas de crescimento de longo prazo””, diz a S&P.


O Ministério da Fazenda divulgou nota comemorando a decisão da S&P de promover a avaliação brasileira em um momento delicado da economia internacional, o que foi visto pelo governo como um reconhecimento de que a política econômica encontra-se na direção correta e de que são sólidos os fundamentos macroeconômicos”” do país. “”Numa conjuntura em que vários países têm sofrido rebaixamento de suas classificações de risco e governos têm-se enfraquecido por conta de problemas econômicos, o anúncio da agência de rating evidencia o sucesso da gestão da economia brasileira em seu objetivo de fortalecer o País””, diz a Fazenda.


A agência destaca o compromisso do governo Dilma Rousseff com seus objetivos fiscais, “”ampliando assim a possibilidade de usar ferramentas monetárias que influam na economia local””. Na análise da S&P, durante o primeiro ano da gestão Dilma os resultados fiscais foram melhores do que se esperava. Assim, haveria maior margem de manobra para implementar uma política monetária mais flexível, com maior arsenal contracíclico (medidas que, em um cenário de retração externa, poderiam estimular o crescimento) “”para atenuar o impacto negativo de uma potencial queda na demanda externa””.


Por política monetária mais flexível, pode-se entender redução de juros, como já aconteceu nas duas últimas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. A medida tem impacto na atividade econômica por baratear o crédito para o consumo e para o investimento em produção. O fato de o país manter uma das taxas de juro mais altas do mundo em termos reais (descontada a inflação) cria uma margem de manobra maior para reagir a um cenário de desaquecimento internacional.


Para a S&P, a resposta do governo brasileiro a pressões inflacionárias neste ano representou um sinal importante sobre a flexibilidade de suas políticas e o compromisso com a estabilidade econômica. As políticas monetárias e de crédito também ficaram mais restritivas, em resposta à alta da inflação. O BC, lembra a agência, subiu a taxa básica de juros em 3,75 pontos percentuais de abril de 2010 até julho de 2011. “”Com isso, as perspectivas de crescimento do PIB para 2011 começaram a cair mesmo antes que os sinais de desaceleração no crescimento mundial passaram a afetar as expectativas de crescimento no Brasil.””


Desde agosto, no entanto, o BC passou a baixar sua taxa básica e a remover algumas “”medidas macroprudenciais”” adotadas entre o fim do ano passado e o começo deste. Antes, o objetivo era esfriar a economia e, com isso, conter a inflação. Agora, a intenção é apoiar a demanda interna enquanto cresce a incerteza a respeito do crescimento econômico mundial. “”Sem dúvida, (o governo) não relaxou sua política fiscal.””


A agência estima que o PIB real per capita cresça 2,1% este ano e 2,4% no próximo, caso não haja uma deterioração severa e inesperada nas condições externas. “”O nível relativo baixo de investimento em relação ao PIB do Brasil (estimado em 19,4% para 2011) e a rigidez microeconômica que prevalece em vários setores da economia são obstáculos para elevar as taxas de crescimento per capita significativamente acima de 3%, sem correr o risco de provocar desequilíbrios macroeconômicas””, afirma a S&P.


Por fim, a agência sustenta que a implementação de uma “”agenda vigorosa de reformas econômicas”” que impulsionem o investimento e a tendência de crescimento econômico daria ao Brasil maior flexibilidade em suas políticas e reduziria as taxas de juros reais, levando a maior qualificação. No cenário oposto, a incapacidade para conter a inflação, em combinação com uma política fiscal menos rígida, entre outros fatores, poderia estagnar ou, eventualmente, reverter as melhoras recentes dos pilares macroeconômicos do país, levando a uma menor classificação.


Por: Vitor Nuzzi, Rede Brasil Atual

Publicado em 18/11/2011 -

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