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Nesta quinta-feira (3) começa a reunião do G20, quer dizer, a dos países mais desenvolvidos e ricos do planeta: Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Grã Bretanha, França, Itália, e a União Europeia como entidade a parte com direito a participar.

Por Fidel Castro Ruz, em Cuba Debate

Esses são os baluartes fundamentais da Otan, mais seus aliados Japão, Coreia do Sul, Austrália e Turquia em seu duplo aspecto de país em desenvolvimento e membro da Otan, assim como Arábia Saudita – um gigantesco depósito de petróleo nas mãos das transnacionais do Ocidente, que extraem dali 9,4 milhões de barris diários, cujo valor ao preço atual chega a US$ 1 bilhão por dia – em um lado da mesa, e, no outro, um grupo de países com crescente peso econômico e político, que de fato se convertem, pelo número de seus habitantes e seus recursos naturais, em uma expressão dos interesses da maioria de nosso sofrido e saqueado mundo: a República Popular da China, a Federação Russa, Índia, Indonésia, África do Sul, Brasil, Argentina e México.

Espanha, também aliada da Otan, é apenas “país convidado”.

Trata-se de uma reunião entre os grandes produtores de maquinários e artigos industriais e os grandes administradores de matérias-primas, que ao longo de meio milênio depois da conquista, foram colônias europeias e no último século os abasteceram de produtos agrícolas, minerais e recursos energéticos, vítimas de um desumano intercâmbio desigual.

Colonização e barbárie

Este obscuro período da história vem ocorrendo desde que os descendentes das tribos bárbaras que povoaram a Europa, “descobriram” e conquistaram este hemisfério armados com espadas, catapultas e arcabuzes.

“Os descobridores”, que foram objeto de apologia pelo chamado mundo ocidental – como se no continente não vivesse uma parte da humanidade há 40 mil anos –, alimentavam o propósito de buscar uma rota mais curta para o comércio com a China.

Na China, que possuía antecedentes por meio dos comerciantes de seda e outros valiosos produtos desejados pela aristocracia e a nascente burguesia europeia, encontraram uma fabulosa civilização detentora de uma linguagem escrita, arte refinada, agricultura, metais, pólvora e avançados princípios de organização política e militar, incluídos exércitos com dezenas ou talvez centenas de milhares de soldados de cavalaria.

Eles estavam a ponto de naufragar quando, nas proximidades de Cuba, encontraram terra. Pouco depois [Cristóvão] Colombo tomou posse de nossa ilha em nome do rei da Espanha. Poderia ter feito isso se realmente chegasse à China, como era seu propósito? Seu erro custou a este hemisfério dezenas de milhares de vidas, que se perderam como consequência da repartição da América, em virtude de uma bula papal entre dois reinos da península Ibérica, nos constantes conflitos de sua nobreza medieval.

A conquista e a busca de ouro e prata custaram, como afirmava o genial pintor indígena Oswaldo Guayasamín, 70 milhões de vidas aos que habitavam o hemisfério, berço de importantes civilizações.

A África negra também pode falar do que significou aquela conquista para milhões de seus filhos, arrancados e vendidos como escravos neste hemisfério.

Uma minoria no controle

A oligarquia multimilionária, cujos chefes de Estado ou governo se reunirão em Cannes com os representantes de quase 6 bilhões de habitantes, que aspiram a uma existência digna para seus povos, deveria meditar sobre estas realidades.

Aqueles países pretendem monopolizar as tecnologias e os mercados por meio das patentes, dos bancos, dos meios mais modernos e caros de transporte, o domínio cibernético dos processos produtivos complexos, o controle das comunicações e dos meios massivos de informação para enganar o mundo.

Agora que os habitantes do planeta somam 7 bilhões, os Estados que representam apenas uma de cada sete pessoas, as quais, a julgar pelos protestos massivos na Europa e nos Estados Unidos, não estão muito felizes, colocam em risco a sobrevivência de nossa espécie.

Poderia alguém esquecer que os Estados Unidos foram o país que impediu o Acordo de Kyoto quando se dispunha de um pouco mais de tempo para impedir uma catástrofe com a mudança climática que está sendo produzida a olhos vistos?

Cúpula Ibero-americana

Nos dias 28 e 29 do mês de outubro último, ocorreu outra reunião de chefes de Estado e governo que integram a Comunidade de Países Ibero-americanos. Entre as calamidades que tiveram que suportar os povos de fala espanhola e portuguesa, está o fato de ser a região do mundo com mais desigualdade na distribuição das riquezas.

O chanceler de Cuba, Bruno Rodríguez Parrilla, viajou da reunião da ONU em Nova York onde falou sobre o bloqueio imposto a Cuba pelos EUA, para a capital do Paraguai, onde a reunião Ibero-americana ocorreu. Ali foram ditas coisas de grande interesse com relação à crise que sacode a Comunidade Europeia.

O novo primeiro-ministro de Portugal externou sua amargura com a União Europeia, quando afirmou que esta ficou exaurida e sem fundos com o resgate de magnitude recorde destinado à Grécia. Poderia enfrentar uma crise em Portugal, mas cairia em bancarrota, impossibilitada de socorrer a Itália, a sétima economia mundial, o que arrastaria a França, em cujos bancos se acumula a maior parte da dívida italiana.

Os líderes ibéricos duvidam que o compromisso assumido com a Grécia seja cumprido e do não cumprimento, preveem uma crise mais prolongada que a de 1929.

Governança mundial

Na manhã da quarta-feira (2) os veículos informavam as duras consequências das chuvas nunca vistas na Tailândia, o maior exportador de arroz, cujas vendas se reduziram de 25 milhões de toneladas a 19.

No entanto, notícias de que a China aumentou para quase 5 milhões de toneladas a produção de cobre metálico, surtiu efeitos consideráveis.

Por outro lado, enquanto os Estados Unidos conservam intacto o poder de veto no Fundo Monetário Internacional, à China é negado nesse organismo o simples direito de aprovar o yuan como moeda conversível. Quanto tempo durará essa tirania?

É através desse cristal que devemos analisar cada palavra que se pronuncie na cúpula do G-20.









Tradução: da Redação do Vermelho,
Vanessa Silva

Publicado em 3/11/2011 -

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