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A experiência mostra que a cooperação Sul-Sul e a triangular, apoiadas por um adequado financiamento, são ferramentas cruciais para dar resposta aos desafios de desenvolvimento de nosso tempo. A cooperação Sul-Sul apenas complementa, não substitui a Norte-Sul. Todas estas associações são pertinentes diante dos desafios da economia global e do desenvolvimento sustentável.

E, de todos os desafios, garantir a segurança alimentar é primordial. Quase 925 milhões de pessoas em todo o mundo vão dormir com fome todas as noites, e a grande maioria está no Sul do planeta. A comunidade internacional foi capaz de reduzir consideravelmente esses números, mas há muito por fazer nos próximos anos. Nossa resolução para observar criticamente as estratégias contra a insegurança alimentar demonstrará nossa solidariedade com essas populações vulneráveis.

As observações da Organização das Nações Unidas (ONU) em matéria de desenvolvimento sustentável, incluindo a mudança climática, a biodiversidade e a desertificação, deixam claro que devemos ser mais vigilantes. Precisamos ampliar a busca de soluções inovadoras e sustentáveis para a insegurança alimentar.

Para isto, podemos compartilhar lições aprendidas e espalhar estratégias e tecnologias de sucesso no Sul para, entre outras coisas:

1. Melhorar a produtividade agrícola;
2. Elevar a proteção social e reforçar a resiliência dos mais vulneráveis;
3. Administrar os ecossistemas frágeis;
4. Melhorar a nutrição;
5. Combater as enfermidades.

Estes enfoques deveriam contribuir para a concretização dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, cujo prazo terminará em 2015. Também teremos que atender a produção de energias renováveis e modelos de agronegócio que funcionem para colocar alimento suficiente à mesa. Muitos países do Sul tiraram milhões e milhões de pessoas da pobreza extrema e da fome.

Essas nações têm à sua disposição suficientes conhecimento e capacidade técnica que podem ser usados para melhorar intercâmbios Sul-Sul de informação, experiências e técnicas com a visão de elevar a produtividade agrícola e ampliar a distribuição de alimentos para beneficiar mais populações.

Por exemplo, a Aliança Mundial de Terras Áridas – Associados pela Segurança Alimentar busca fortalecer a cooperação entre as nações de territórios secos e desenvolver soluções inovadoras e melhores práticas que possam ser compartilhadas amplamente com países de todo o mundo.

Outro exemplo é o Grande Muro Verde da União Africana, cujo fim é plantar um corredor de árvores através do continente, do Senegal no oeste até Djibuti no leste, para dar respostas simultâneas a problemas ambientais e de pobreza, como degradação e erosão dos solos e avanço da desertificação.

Tais iniciativas foram concebidas para apoiar e complementar esforços a fim de conseguir os ODM, especialmente o primeiro, erradicar a extrema pobreza e a fome, e o sétimo, assegurar a sustentabilidade ambiental.

Com a solidariedade Sul-Sul podemos aprender com os países que estão reformando leis consuetudinárias e práticas para que as mulheres tenham igual acesso à terra e a outros bens produtivos que contribuem para a segurança alimentar. Assim, as mulheres ocuparão o lugar que lhes cabe por direito nas sociedades.

O investimento em pesquisa agrícola é outra área importante da cooperação Sul-Sul, que pode ajudar a financiar melhor os estudos sobre cultivos tropicais dos quais dependem milhões e milhões de pobres.

Os acordos entre instituições agrícolas líderes do Sul global seriam um grande passo adiante no fortalecimento das capacidades nacionais para alimentar seus cidadãos, incrementar sua produção e participar das cadeias de fornecimento agroalimentar criadas para dar resposta à crescente demanda por alimentos de populações em rápido crescimento.

Como presidente da Assembleia Geral da ONU, tenho o compromisso de promover a cooperação Sul-Sul e triangular como uma parte importante de uma unificada associação global. Apenas tal associação, baseada no diálogo aberto e no mútuo entendimento, pode conseguir uma ação coletiva eficaz em um mundo globalizado e interdependente.

* O autor é embaixador do Catar e atual presidente da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Direitos exclusivos IPS.

Fonte: Artigo produzido para o Terramérica, projeto de comunicação dos Programas das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e para o Desenvolvimento (Pnud), realizado pela Inter Press Service (IPS) e distribuído pela Agência Envolverde.
(Terramérica)

Publicado em 19/12/2011 -

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