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Fome no mundo aumenta devido à especulação financeira; entenda
27/09/2018
Alimentos encarecidos garantem lucro de fundos de investimentos internacionais e populações ficam sem itens essenciais A fome no mundo aumentou pelo terceiro ano consecutivo. Em 2017, 821 milhões de pessoas não ingeriram a quantidade de calorias mínimas indicadas para atividades diárias. As informações foram apresentadas pelo relatório “A segurança alimentar e a nutrição no mundo”, da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado no início do mês. Entre os fatores responsáveis pelo aprofundamento dessa mazela social, estão crises econômicas, conflitos armados e eventos climáticos como intensos períodos de secas, que impedem colheitas de produtos que estão na base da cadeia alimentar. O Atlas do Agronegócio 2018, organizado pelas fundações alemãs Heinrich Böll e Rosa Luxemburgo, apresenta ainda outro elemento: a especulação financeira nas bolsas de valores aumenta o preço das commodities agrícolas, mercadorias produzidas em larga escala, como por exemplo, o trigo, milho, cacau, café e açúcar, entre outros. As negociações das commodities são feitas por meio dos chamados contratos futuros, transações padronizadas entre produtores e fundos de investimentos para controlar os riscos que envolvem a produção. No caso das commodities agrícolas, não se pode prever se o preço será alto devido à escassez de produtos ou se será baixo devido à abundância, fatores determinados por elementos externos como o clima. Dessa forma, tanto o produtor quanto o comprador acordam um preço para a produção em uma determinada data futura e assim eliminam os riscos de uma possível oscilação na produção. Como funciona a especulação? Após o fechamento dos contratos futuros, também conhecidos como derivativos, se inicia o processo de especulação financeira por parte do comprador. Este adquire o ativo com a intenção de revendê-lo nas Bolsas de Valores, ou seja, realizar uma venda futura com lucro ainda maior, sob condições de incerteza. “Toda essa crise de aumento dos preços está muito ligada à amplificação das negociações especulativas desses contratos. Quando se fecha uma coisa em um determinado momento, é um preço. Quando acontece [na etapa final da produção], é outro. Nesse meio tempo, há a especulação para comprar e vender por mais ou por menos. No caso, quem está querendo vender, evidentemente, quer vender na alta”, explica Marcus Oliveira, economista e ativista ambiental. “Muita gente que atua nesse mercado não está interessado no produto. Não quer o café, por exemplo. Quer saber quanto será a safra e o volume para poder comprar isso e valorizar o papel que está comprando. Não é o café em si, complementa o especialista. Ao passo que os especuladores continuam a fazer apostas intensas, as commodities agrícolas se valorizam e o preço mundial dos alimentos é inflado. Por exemplo: se o preço da commodity milho aumenta, os preços da pipoca ou da pamonha, também passarão por uma elevação. Na opinião de Oliveira, a especulação sobre as commodities agrícolas afeta...
50 empresas vendem metade dos alimentos do mundo – e elas estão cada vez maiores
05/09/2018
SE ALGUMA VEZ você gastou segundos de sua vida para decidir se compraria uma sopa instantânea da Knorr ou da Arisco, lamentamos dizer que foi perda de tempo. Qualquer que tenha sido a escolha, você comprou um produto da Unilever, uma das 50 gigantes do setor que, juntas, dominam 50% das vendas globais de alimentos industrializados. Não se sinta tão mal: não interessa às empresas que você saiba que, na verdade, não tem muita escolha apesar da profusão de nomes e marcas na gôndola do supermercado. “O problema central [dessa concentração de mercado] é que o consumidor desconhece que na verdade não pode escolher”, me disse Maureen Santos, coordenadora de Justiça Socioambiental no Brasil da Fundação Heinrich Boll, uma organização política alemã sem fins lucrativos que se define como “parte da corrente política verde que se desenvolveu em várias partes do mundo nos anos 1970 como uma resposta às tradicionais políticas socialista, liberal e conservadora”. “Você até escolhe marca diferente entre marcas diferentes, mas compra da mesma empresa. Essa concentração faz com que empresas determinem o que o consumidor vai comprar, e não o contrário. De preço a opções de escolha, tudo é definido por poucas empresas”, ela afirmou. A concentração no mercado de alimentos é tema de um dos 22 capítulos do “Atlas do Agronegócio”, um documento que terá, pela primeira vez, uma edição brasileira. O relatório será lançado nesta terça-feira no Rio de Janeiro, com um debate mediado por Gregorio Duvivier com participação de Bela Gil. Pior, a concentração deverá se agravar nos próximos anos. “Não tem como escapar dela, porque falta regulação no mercado. Ainda que exista o Cade [Conselho Administrativo de Direito Econômico, órgão do governo federal responsável por julgar grandes fusões e impor medidas que em tese preservam alguma concorrência], veja o caso da fusão entre [as gigantes do agrotóxico] Bayer e Monsanto. A nova empresa foi forçada a vender algumas marcas para ter o negócio aprovado, mas quem comprou foi outra grande, a Basf”, lembrou Santos. Outro ponto a considerar: apesar de metade dele ser dominado por apenas 50 empresas, o mercado de alimentos industrializados é relativamente pouco concentrado em comparação a outros, como o dos agrotóxicos ou de produto de higiene pessoal – desodorantes, por exemplo. Quer você escolha Axe, Rexona ou Dove, estará levando pra casa um produto da Unilever. Não à toa, lembra o Atlas, a companhia declara, em materiais de divulgação, “estar presente em cem por cento dos lares brasileiros”.   70% das compras de uma família são produtos das grandes Vários dos nomes que constam do ranking dos dez maiores conglomerados alimentícios do mundo (segundo o faturamento registrado em 2016) são familiares aos brasileiros. A começar pela líder do...

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