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Crise na Argentina: “Queríamos a mudança que Macri propunha, não a que ele fez”
11/09/2018
Quatro relatos mostram o desencanto da classe média com a política econômica do presidente argentino em seus primeiros mil dias de gestão Pablo Belfer tem 35 anos e é a terceira geração à frente de uma fábrica de colchões com mais de 50 anos de história e 60 funcionários. Assim como 65% dos habitantes de Buenos Aires, ele votou em Mauricio Macri em 2015. “Estava muito cansado do [Governo] anterior. Estava cheio de tanta mentira e do roubo descarado”, admite, em frente à loja de venda ao público que a família abriu há 13 anos. Belfer votou em Macri pela mudança que propunha, mas, ao fazer um balanço de seus mil dias de mandato, considera que o presidente não cumpriu muitas de suas promessas. O desencanto desse comerciante é compartilhado por parte da classe média que apostou no mandatário: Macri anunciou uma revolução da alegria que não chegou e, em vez disso, os argentinos sofrem uma crise econômica que não sabem até quando se estenderá. O brusco aumento da inflação, agravada pela desvalorização de mais de 50% do peso este ano, castigou duramente as economias familiares. À espera de dados oficiais, que serão divulgados no final do mês, as organizações sociais e instituições acadêmicas advertem sobre o significativo aumento da pobreza em 2018. A situação dos lares mais vulneráveis piorou com a alta do preço dos alimentos (31% no último ano), do transporte (40%) e com a queda dos pequenos trabalhos informais, incluindo obras de reparação em moradias e tarefas de cuidados com os quais as pessoas complementam a renda oriunda dos planos sociais estatais. Muitos desses trabalhos informais são encomendados pela classe média, que apertou o cinto ante o aumento de até 1.000% no preço da luz, do gás e da água em relação às tarifas hipersubsidiadas durante o kirchnerismo, e cujo poder aquisitivo diminuiu com reajustes salariais inferiores à inflação. “Os aumentos selvagens frustraram as expectativas. Teriam que ser feitos de forma progressiva”, diz Claudio Porpora, um sapateiro de 60 anos. Porpora também votou em Macri porque desejava uma mudança (“Não queríamos mais do mesmo) e, embora acredite que o presidente tenha cumprido suas promessas “só em parte”, votaria de novo nele “para que não volte o que tínhamos antes”, ou seja, Cristina Fernández de Kirchner. Apesar da queda na popularidade, Macri conserva 40% de imagem positiva e lidera as pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais de 2019. Ambos os comerciantes achavam que a mudança de política econômica faria a Argentina decolar após quatro ou cinco anos de estancamento. Não foi assim. A chuva de investimentos prometida não chegou, e a inflação continua muito alta apesar da guinada à ortodoxia dada pelo Governo. “Ao longo do Governo de Macri, trabalhamos como...

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