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Soam os tambores de guerra. Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro israelense, quer uma investigação para descobrir quem vazou a informação de que ele estaria fazendo pressão, com o ministro da Defesa, Ehud Barak, sobre outros membros do gabinete para que aceitem a hipótese de um ataque armado contra as instalações nucleares do Irã. Para tranquilizar o noticiário, Barak vem a público dizer que o governo israelense não se decidiu por um ataque – ainda (sic). Enquanto isso, a aviação israelense fez manobras militares na Sardenha (Itália), e a população de Tel Aviv foi surpreendida por um “”ensaio”” de ataque aéreo.


Como se não bastasse, relatos saídos da recente reunião do G20, em Cannes, na França, dão conta de um diálogo entre Sarkozy e Obama, presidentes da França e dos Estados Unidos:


— I can’t stand him (Netanyahu), he is a liar —, diz o primeiro.


— You’re fed up with him? I have to deal with him every day! —, retruca o segundo.


(“”Não aguento mais ele: ele é um mentiroso””. “”Você está com ele até aqui? E eu que tenho que lidar com ele todos os dias!””.)


A investigação de Netanyahu não precisa ir longe. Quem está denunciando diariamente a tentativa de nova guerra é Meir Dagan, ex-chefe do Mossad, o serviço secreto israelense. Junto dele, estão Danny Yatom e Efraim Halevy, também ex-chefes do Mossad, e Yuval Diskin, ex-chefe do Shin Bet, o serviço secreto do Ministério de Relações Exteriores de israel. Ou seja, gente razoavelmente bem informada.


É claro que existe a versão (não impossível) de que tudo não passa de um jogo de cena para forçar mais sanções contra o governo de Teerã, diante do relatório da Agência Internacional de Energia Atômica que afirma estar o Irã de fato se capacitando para entrar no clube das armas atômicas. Entretanto o governo de sua Majestade na Inglaterra anunciou sua disposição de enviar navios de guerra para a região do leste do Mediterrâneo, que apoiariam um eventual ataque israelense.


Para completar esse quadro já complicado, porta-voz da Otan disse que, no caso de uma guerra dessas, a Otan não vai entrar em ação. Ao mesmo tempo, os sauditas e outros governos da região não escondem sua satisfação diante da possibilidade de um ataque contra o Irã. Outras fontes (do britânico The Guardian) dão conta de que, de certo modo, a guerra já começou. Nos últimos tempos três cientistas do programa nuclear iraniano foram assassinados e um gravemente ferido em atentados. Um quarto desapareceu, foi dado como dissidente, mas reapareceu uma ano depois, de volta a Teerã, alegando que fora sequestrado por agentes norte-americanos.


Segundo a Aiea, a agência da ONU para energia atômica,  Teerã teria 4,5 toneladas de urânio enriquecido, capaz de ser utilizado para a fabricação de ogivas nucleares. Mas os planos iranianos ainda estariam no papel, ou melho, no computador. Não haveria ainda a fabricação de um artefato concreto, mas sim seu planejamento virtual – o que é bem mais do que a metade do caminho. Isso seria corroborado por uma das armas já usadas nessa guerra em surdina ser um vírus, qo que tudo indica (The Guardian) produzido pelo serviço secreto israelense (Dagan confirma), o Stuxnet 2009, que produziu estragos (mas não parou) enormes na rede do  programa nuclear iraniano.


Como se não bastasse, os candidatos republicanos nos Estados Unidos fazem coro com Netanyahu, e dizem que apoiariam Israel caso este atacasse Teerã (na verdade a base de Fordow, em Qom, ao sul da capital.


Ou seja, de tudo isso uma coisa se conclui como certa: além da pressão sobre Teerã, há um torniquete em torno de Obama. Caso o ataque se confirme, apenas os norte-americanos tem armas eficientes para um bombardeio eficaz contra instalações subterrâneas do tipo que há no Irã. Se os Estados Unidos entrarem nessa guerra, a reeleição de Obama estará de fato comprometida, logo ele, que está propagandeando a retirada de tropas do Iraque e do Afeganistão.


A crise econômica que se aprofundaria, graças ao inevitável aumento do preço do petróleo (apesar dos favores dos sauditas), também ajudaria a bombardear essa candidatura.


Realmente, Obama tem razão: deve ser duro ter de tratar com Netanyhau todos os dias.


Rede Brasil Atual

Publicado em 9/11/2011 -

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