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Como um time que teve desempenho medíocre na temporada, a indústria brasileira passou os últimos meses de 2012 já fazendo contas para o ano seguinte, quando, espera-se, tudo será diferente. As previsões são mais otimistas, com moderação. O governo adotou algumas medidas de estímulo ao setor, porém com efeito limitado.

O secretário-geral da CUT Sérgio­ ­Nobre, acredita que é o momento de discutir uma mudança de modelo. Ao ­citar o exemplo do Gol como carro 100% ­fabricado no Brasil, ele afirma que o país está se tornando menos produtor e mais importador. O dirigente considera positivo o Plano Brasil Maior, lançado pelo Executivo, “mas seria melhor se nascesse de um pro­cesso de diálogo”. As isenções pontuais de impostos, ­como lembra Nobre, não chegam a toda a cadeia produtiva.

“Foram as medidas possíveis. A ­gente está conseguindo respirar”, afirm­a o ­gerente de Relações do Trabalho da Con­fe­deração Nacional da Indústria (CNI), Emerson Casali, apontando a ­redução de tributos e a desoneração da folha de pagamentos, além do ­câmbio. “­Alguns mantiveram os empregos e conse­guiram crescer. O custo do ­capital talvez ainda esteja um pouco alto. O ­Brasil ficou ­caro para produzir e com muita insegurança jurídica”, acrescenta, citando insumos, ­como a energia, e logística. Segundo ele, o ­custo “derivado da insegurança jurídica é silen­cioso, mas aos poucos inibe e ­afasta ­investidores”.

Para o diretor-superintendente da ­Asso­­­ciação Brasileira da Indústria ­Têxtil e da Confecção (Abit), Fernando Pimentel, ainda é ­cedo­ para uma avaliação mais precisa, já que parte das medidas ainda não foi implementada. “Não é uma panaceia. Estão na direção correta.” Ele lembra que a desoneração da folha de pagamentos (que passou de 1,5% para 1%) é recente: “Não há como medir o impacto, mas vai no sentido positivo”. A prometida redução das tarifas de energia elétrica é outro item aguardado com expectativa. “A energia afeta todos os elos. Mas ainda não aconteceu.”

Segundo o executivo, falta ao Plano Brasil Maior “uma consistência que dê horizonte de médio e longo prazo”, ampliando a segurança para investimentos. “Esse horizonte, esse projeto de país está fazendo falta. Apesar de reconhecer todos os esforços da equipe econômica, aceitando que o Brasil é oneroso e burocrático, o tamanho do desafio transcende a isso. Há muitas coisas no curto prazo”, diz Pimentel. Segundo a Abit, em 2011 a produção caiu 15% no setor têxtil e 4,4% no vestuário – este ano, até setembro, recuou 5,14% e 11,23%, respectivamente. “Vivemos uma situação de excedentes no mundo, e isso está se refletindo nessa queda de produção.”

O secretário executivo adjunto da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), Antonio Prado, destaca um cenário de queda no comércio mundial, que no período 2004-2007 – ou seja, antes da crise – cresceu 7,4% ao ano, em média, e deve aumentar 4,7% ao ano de 2011 a 2013. “Existe um processo de desaceleração da atividade industrial, e, é claro, muito mais rápido nos países mais industrializados. As economias emergentes tiveram queda menos profunda e terão recuperação mais rápida. Nas economias avançadas, a recuperação agora será muito mais lenta.”


Vitor Nuzzi, da Revista do Brasil

Publicado em 17/12/2012 -

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