Pesquisar

Redes sociais


Print Friendly, PDF & Email

Conturbadas há anos, as relações entre a Venezuela e a vizinha Colômbia chegaram, ontem, ao seu ponto mais crítico. O presidente venezuelano, Hugo Chávez, anunciou o rompimento dos laços diplomáticos entre as duas nações e ordenou a seu exército “alerta máximo” na fronteira comum de 2.219 quilômetros de extensão.

A decisão de Chávez é uma reação às acusações do governo colombiano de que a Venezuela estaria dando abrigo a integrantes dos grupos guerrilheiros Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e Exército de Libertação Nacional (ELN). Segundo um comunicado divulgado na semana passada pelo governo do presidente Álvaro Uribe, estariam em território venezuelano os guerrilheiros das Farc Iván Márquez, Rodrigo Granda, Timoleón Jiménez (o Timochenko) e Germán Briceño (o Grannobles), assim como Carlos Marín Guarín, o Pablito, do ELN.

Ontem, reforçando as acusações, o embaixador colombiano na Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Alfonso Hoyos, exibiu, durante uma sessão extraordinária da entidade, fotos aéreas, mapas e trechos de vídeo mostrando algumas das supostas dezenas de acampamentos das duas guerrilhas na Venezuela. Segundo Hoyo – que pediu o envio de uma missão da OEA à Venezuela para investigar esses locais –, haveria 1,5 mil guerrilheiros das Farc em solo venezuelano.

O embaixador venezuelano na organização, Roy Chaderton, rebateu as denúncias e afirmou que as fotos teriam sido tiradas, na verdade, em território colombiano.

O anúncio do rompimento das relações diplomáticas foi feito horas mais tarde, quando Chávez recebia no Palácio Miraflores, em Caracas, o amigo Diego Maradona, técnico da seleção de futebol da Argentina.

– Vejo-me obrigado, por dignidade, a romper relações com o governo da Colômbia. Ficaremos em alerta, porque Uribe é um doente, está repleto de ódio. Eu aviso à comunidade internacional: não aceitaremos nenhum tipo de agressão nem violações de nossa soberania. Seria uma tristeza ter de ir a uma guerra com a Colômbia, mas teríamos de ir, no caso de a Venezuela ser atacada – afirmou o polêmico presidente venezuelano.

Chávez também chamou Uribe de “mafioso” e “fantoche do império ianque (os EUA)” – mas, curiosamente, não negou veementemente a existência dos supostos acampamentos guerrilheiros na Venezuela. Disse apenas que, se houver alguma base guerrilheira no país, seria “sem a autorização do governo”.

Os diplomatas colombianos receberam prazo de 72 horas para deixar a Venezuela. Apesar do rompimento, Chávez deixou aberta a possibilidade de uma “reaproximação” com o próximo governo colombiano. Eleito em maio, o ex-ministro da Defesa Juan Manuel Santos assumirá a presidência em 7 de agosto.

O assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência brasileira, Marco Aurélio Garcia, lamentou a decisão de Chávez de romper relações com a Colômbia. De acordo com Garcia, o governo do Brasil e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estão dispostos a ajudar os dois países a solucionarem o impasse.

 

Publicado em 23/07/2010 -

Siga-nos

Sindicatos filiados