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O arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio, de 76 anos, é o novo papa e sucessor de Bento XVI na chefia da Igreja Católica. É o primeiro pontífice latino-americano e jesuíta. Ele também é o primeiro a assumir o pontificado com o antecessor vivo em 600 anos e adotará o nome de Francisco.

 

Bergoglio nasceu em Buenos Aires, a 17 de dezembro de 1936, de uma modesta família de origem italiana. Entrou em 1958 na Companhia de Jesus e foi ordenado padre em 1969. Fez a profissão perpétua em 1973. Foi mestre de noviços e professor de teologia.

 

Ele se tornou arcebispo de Buenos Aires em 1998 e foi nomeado cardeal em 2001, por João Paulo II. O nome do cardeal argentino não aparecia entre os mais cotados antes e durante o conclave, que reuniu 115 cardeais por dois dias.

 

Bergoglio deve celebrar hoje (14) a primeira missa como papa eleito. A expectativa é que a primeira missa seja formal e simples, com o celebrante vestido de branco, sem os paramentos (trajes) e o anel do pescador – símbolo do sucessor de São Pedro, patrono da Igreja, que é usado no dedo anular direito. Essa cerimônia é considerada um momento marcante, pois, nela, o papa indica como será seu pontificado.

 

Nos próximos dias, então, será realizada a cerimônia de coroação. Na solenidade, o papa receberá as vestes e o sapato vermelho, além do anel do pescador. O cajado poderá ser entregue antes. Essa solenidade costuma reunir apenas os cardeais e alguns religiosos – padres e freis – que atuam como assistentes.

 

Ao som dos sinos da Basílica de São Pedro, fiéis em vigília na praça de mesmo nome, aguardaram por cerca de 50 minutos a célebre frase Habemus Papam (Temos Papa) e o anúncio do nome de Bergoglio. A demora entre o aparecimento da fumaça branca, indicando a eleição do papa, e o anúncio do nome foi causada por uma série de procedimentos adotados pelo Vaticano. Após a escolha, pergunta-se ao papa eleito se ele aceita a decisão do conclave. Se a resposta for positiva, ele é levado a um aposento onde se veste de branco para ser apresentado aos fiéis.

 

A Guarda Suíça, seguindo um ritual de séculos, participou da cerimônia em traje de gala. É um espetáculo à parte, pois os guardas usam roupas em veludo azul e fazem uma peregrinação até a frente da basílica. 

 

Fiéis, religiosos, turistas e curiosos acompanharam atentamente a escolha do papa. Nem mesmo a chuva e o frio, de 8 graus Celsius, impediram as pessoas de aguardarem ao ar livre o anúncio do nome do papa.

 

O responsável pelo anúncio do escolhido foi o presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Interreligioso, cardeal protodiácono francês Jean-Louis Tauran, de 69 anos. A escolha do francês para proferir a frase atende à exigência de essa ser uma atribuição do primeiro cardeal da ordem dos diáconos, da qual Tauran faz parte desde fevereiro de 2011. Em 2005, a eleição do papa emérito Bento XVI foi anunciada pelo cardeal chileno Jorge Arturo Medina Estevez.

Eleição do papa faz história e surpreende a todos – A eleição do novo papa fez história e surpreendeu a todos, especialmente aos argentinos. O arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio, foi favorito no conclave de 2005, que acabou elegendo o alemão Joseph Ratzinger. Ninguém achava que, oito anos depois, Bergoglio substituiria Ratzinger, que renunciou em meio a denúncias de corrupção e pedofilia. Bergoglio é o primeiro jesuíta e o primeiro latino-americano que vai comandar 1,2 bilhão de católicos.

Apesar de Bergoglio ser um dos cotados, desta vez ninguém arriscou. Pesava, acima de tudo, a idade: ele era oito anos mais velho que em 2005, quando o Vaticano optou por um papa que acabou renunciando ao cargo, alegando a idade avançada. Mal o Vaticano anunciou o nome dele, em latim, os argentinos foram à Catedral de Buenos Aires, no centro da capital.

Algumas pessoas choravam sem parar. Outras dançavam com a bandeira argentina, ou rezavam, levantando os rosários. “Sinto tanto orgulho que não sei como me expressar”, disse a contadora Ana Maria Lopez. Ela foi à catedral de Buenos Aires assim que ouviu o nome de Bergoglio na televisão. O arcebispo de Buenos Aires, que virou papa, é conhecido por muitos – em bairros ricos e nas favelas, em igrejas e sinagogas.

“Ele vivia do jeito que pregava: andava de ônibus e de metrô. Já cruzei com ele na favela Villa 31, onde moro, mais de uma vez. Não dava muita bola porque não pensava que ia virar papa ”, disse à Agência Brasil o eletricista Barnabas Lopez. “A escolha do nome é simbólica”, lembrou Ana Maria Gonzalez. “Francisco é o santo dos pobres, que denunciou a opulência do Vaticano e foi perseguido por causa disso. Espero que o novo papa Francisco faça uma limpeza na Igreja.

Bergoglio tem fiéis na comunidade cristã (92% dos argentinos são católicos) e na comunidade judaica (a maior da América Latina). No ano passado, participou de uma cerimônia interreligiosa em uma sinagoga, comemorando o Natal e a Hanukkah (festa judaica, também conhecida como Festival das Luzes). Estavam presentes também representantes de religiões afro-americanas, como a umbanda.

Na Argentina, as opiniões estão divididas. Pesam sobre Bergoglio denúncias de envolvimento no sequestro de dois padres jesuítas, durante a ditadura argentina (1976-1983). Ele teria retirado a proteção eclesiástica. Bergoglio nunca se manifestou sobre o tema até recentemente, quando negou qualquer participação.

A presidenta Cristina Kirchner enviou carta ao novo papa, felicitando-o pela eleição. Em discurso, ela pediu que ele interfira para convencer as grandes potências a usar a negociação como meio para resolver as diferenças políticas. Cristina Kirchner disse também que irá à posse do novo papa. No passado, a presidenta e Bergoglio manifestaram posições totalmente opostas sobre o casamento de pessoas do mesmo sexo. Ela foi a favor e ele contra.

Agência Brasil

Publicado em 14/03/2013 -

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