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Em cenário externo confuso, a aposta deve ser no mercado interno

30/07/2009
Quando se pensa o crescimento do país para os próximos meses, não se pode deixar de olhar a atual valorização do câmbio com preocupação. É grande a possibilidade de elevação do déficit em conta corrente em 2010 com uma retomada mais vigorosa da economia. A trajetória está longe de ser explosiva, mas deve ser olhada com preocupação. No ano passado o déficit em conta corrente ficou em 1,8% do Produto Interno Bruto (PIB), e neste ano deve cair para 1% ou menos neste ano, em função da queda do consumo das famílias, do governo e dos investimentos. O problema é que uma aceleração do crescimento com um câmbio no nível atual certamente vai elevar o déficit em conta corrente. As opções não são muitas. Uma delas é aceitar a idéia que expandir o PIB significa aumentar o déficit em conta corrente, que, pelas previsões, pode chegar a 3% do PIB no ano que vem. Outra possibilidade é aumentar a poupança doméstica, das famílias e do governo, como fazem os países asiáticos, especialmente a China, onde o consumo das famílias em relação ao PIB é de 35% (no Brasil é mais de 60%). Mas no curto prazo e médio prazo esta é uma possibilidade não muito palpável. Um cenário possível é o de que os déficits em conta corrente que podem se verificar a partir de 2010 sejam cobertos com um volume crescente de investimentos estrangeiros diretos (IED). Nos seis primeiros meses deste ano, houve ingresso de US$ 12,684 bilhões e nos 12 meses terminados em junho, ingressaram US$ 41,033 bilhões em investimentos estrangeiros diretos. As previsões para o ano é de que o IED pode chegar a US$ 30 bilhões, volume inferior ao recorde de US$ 45 bilhões alcançado em 2008, mas o quarto maior desta década. Em cenário conjuntural incerto como o atual, dois aspectos parecem ser bastante claros. O Brasil não pode se dar ao luxo de não ter superávits comerciais, sob pena de abrir um rombo na conta corrente do balanço de pagamentos no médio prazo. É fundamental levar em conta que a redução da vulnerabilidade externa brasileira nos últimos anos, que nos deu condições de enfrentar a crise internacional sem quebrar, deve-se aos superávits comerciais, que permitiram superávits seguidos no balanço de pagamentos e a redução do peso da dívida pública sobre o PIB. O superávit não precisa e nem deve ser muito expressivo, em função do risco de sobrevalorização do real, mas a balança comercial tem que ser positiva. Obviamente o superávit comercial tem que vir acompanhado de esforços no sentido de agregar valor às nossas exportações, algo bastante difícil neste momento de protecionismo global e de elevação da demanda mundial por commodities agrícolas...

Os riscos da volta da direita

17/07/2009
Não subestimar a oposição. Pode ser fatal e facilitar o retorno da direita. Contam com toda a mídia, direção ideológica da direita brasileira. Contam com um candidato que, até agora, mantém a dianteira – e não basta dizer que é recall, porque é muito constante sua votação, o Ciro é recall e despencou nas pesquisas. Contam com a grana, antes de tudo do grande empresariado paulista. Contam com os votos de São Paulo, que se tornou um estado conservador, egoísta, dominado pela ideologia elitista de 1932, de que são o estado do trabalho e o resto são vagões que a locomotiva tem que carregar. Contam com a despolitização destes anos todos, em que se apóia ao governo Lula, mas uma parte importante prefere, pelo menos até agora, o Serra. Contam com a retração na organização e na mobilização popular. Contam com a imagem de Serra, desvinculada do governo FHC, em que, no entanto, foi ministro econômico durante muito tempo, co-responsável portanto, do Plano Real, das privatizações, da corrupção, das 3 quebras da economia e as correspondentes idas ao FMI, da recessão que se prolongou por vários anos, como decorrência da política imposta pelo FMI e aceita pelo governo. Conta também com erros do governo, seja na política de comunicação – alimentando as publicidades nos órgãos abertamente opositores, enquanto apóia em proporções muito pequenas os órgãos alternativos, seja estatais ou não. Erros de política de juros alta até bem entrada a crise, atrasando a recuperação da economia. Erros na política de apoio e promoção do agronegócios, em detrimento da reforma agrária, da economia familiar, da auto-suficiência alimentar. É certo que a oposição não tem discurso que sensibilize ao povo, tanto assim que batem o tempo todo, com seus espaços monopólicos na mídia, mas só conseguem 5% de rejeição ao governo, que tem 80% de apoio. Mas também é certo que o estilo marqueteiro que ganharam todas as campanhas, despolitizam o debate, se Serra se mantiver na liderança das pesquisas, não precisa apresentar propostas, só as imagens maquiadas das “maravilhas” que estaria fazendo em São Paulo, assim como o tom de Aécio de que não é anti Lula, mas pós-Lula, dizendo – como disse e não cumpriu em São Paulo, que manteria os CEUS e outros programas sociais do PT – que vai deixar o que está bom – sempre atribuído ao casalsinho Cardoso. A direita pode ganhar e se reapropriar do Estado. O governo Lula terá sido um parêntesis, dissonante em muitos aspectos essenciais dos governos das elites dominantes, que retornarão. Ou pode ser uma ponte para sair definitivamente do modelo neoliberal, superar as heranças negativas que sobrevivem, consolidar o que de novo o governo construiu e avançar na construção...

Os reconhecimentos a FHC

09/07/2009
Que cada um expresse aqui o reconhecimento que FHC pede. Felizmente para a oposição, FHC não se contêm, não consegue recolher-se ao fim de carreira intelectual e política melancólicos que ele merece. E cada vez que fala, o apoio ao governo e a Lula aumentam. Agora reaparece para reclamar que não se lhe dá os reconhecimentos que ele julga merecer. Carente de apoio popular, ele vai receber aqui os reconhecimentos que conquistou. Em primeiro lugar, o reconhecimento das elites dominantes brasileiras por ter usado sua imagem para implementar o neoliberalismo no Brasil. Por ter afirmado que ia “virar a página do getulismo”. Por ter, do alto da sua suposta sapiência, dito a milhões de brasileiros que eles são “inimpregáveis”, que ele assim não governava para eles, que não tinham lugar no país que o tinha elegido e para quem ele governava. O reconhecimento por ter dito que “A globalização é o novo Renascimento da humanidade”, embasbacado, deslumbrado com o neoliberalismo. O reconhecimento por ter quebrado o país por três vezes, elevado a taxa de juros a 48%, assinado cartas de intenção com o FMI, que consolidaram a subordinação do Brasil ao capital financeiro internacional. O reconhecimento dos EUA por ter feito o Brasil ser completamente subordinado às políticas de Washington, por ter preparado o caminho para a Alca, para o grande Tratado de Livre Comércio, que queria reduzir o continente a um imenso shopping Center. O reconhecimento a FHC por ter promovido a mais prolongada recessão que o Brasil enfrentou. O reconhecimento a FHC por ter desmontado o Estado brasileiro, tanto quanto ele pôde. Privatizou tudo o que pôde. Entregou para os grandes capitais privados a Vale do Rio Doce e outros grandes patrimônios do povo brasileiro. Por isso ele é adorado pelas elites antinacionais, por isso montaram uma fundação para ele exercer seu narcisismo, nos jardins de São Paulo, chiquérrimo, com o dinheiro que puderam ganhar das negociatas propiciadas pelo governo FHC. FHC será sempre reconhecido pelo povo brasileiro, que tem nele a melhor expressão do anti-Brasil, de tudo o que o povo detesta, ele serve para que se tome consciência clara do que o povo não quer, do que o Brasil não deve ser.   Autor: Emir Sader – sociólogo e cientista...

Petrobras responde ao preconceito de O Globo

09/07/2009
“A República sindicalista instalada na Petrobras”. Com esse título, em matéria de capa (manchete do jornal na 1ª página) e em duas páginas internas no último domingo (05.07), O Globo desfechou mais violento, preconceituoso e discriminatório ataque contra a Petrobras. Nos textos, o jornal insinua a concessão de vantagens funcionais a aliados e a projetos políticos do governo por parte dos atuais executivos e gerentes da principal estatal do país. São duas páginas inteiras dedicadas a denegrir a imagem da estatal e pior, tentar provar a tese absurda de que a Petrobras é um reduto de ex-sindicalistas envolvidos num "esquema" de favorecimentos. O jornal externa sua posição contra a Petrobras num trecho editorializado da reportagem: “No poder, o grupo (sindicalistas) trocou o megafone pelos ternos e os jornais do sindicato pelas grandes campanhas publicitárias". "Tenta-se desqualificar os profissionais por seu passado sindical sem qualquer dado objetivo que embase tal tese. O Globo considera que ser ex-sindicalista é impeditivo para um profissional ascender a postos de comando em empresas e demonstrar eficiência com gestões técnicas", respondeu a Petrobras em carta ao jornal, assinada por Lúcio Mena Pimentel, gerente de Imprensa da empresa. Na carta ao jornal, a Petrobras explica à sociedade brasileira que "possui 4.910 gerentes, mas a matéria pinça somente 22 pessoas (menos de 0,5%) que possuem histórico sindical. Cinco gerentes estão na Comunicação Institucional. Todos eles são funcionários de carreira e concursados com mais de 20 anos na empresa, ressalte-se". E mais: "para chegar aos 22, o jornal comete o erro de somar profissionais que nem gerentes são. O Globo resgata inclusive o termo ‘república sindical’, usado por setores contrários à democracia em 1964, na tentativa de reforçar sua tese." Além disso, como de praxe na mídia tendenciosa, o jornal omite dados enviados ao repórter de O Globo sobre os resultados da gestão da Comunicação Institucional e da Petros. É, meus caros, mais um triste episódio que mancha a história da liberdade de imprensa nesse país. Convido todos a ler a carta publicada no blog Fatos e Dados da empresa.   Autor: José Dirceu, advogado, ex-ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República e ex-presidente do...

Aliança para Mudança

07/07/2009
A próxima reunião de cúpula do G8, e do G8 + 5 (África do Sul, Brasil, China, Índia e México, mais Egito), a realizar-se em Áquila, na Itália, será a primeira desde que se tomou pleno conhecimento da extensão da crise financeira e econômica que estamos enfrentando. A crise ressalta o nosso grau de interdependência e impõe aos líderes a necessidade de dar uma resposta coletiva, baseada em valores e responsabilidades compartilhadas. Também nos força a avaliar o desempenho das instituições internacionais e a repensar as atuais estruturas de governança global. A necessidade de reformar a governança global não nasceu com a crise. Bem antes de sua eclosão, já era patente o déficit de representatividade e de coerência do sistema multilateral. A capacidade das instituições internacionais de superar os graves desafios do mundo atual precisa ser reforçada, e seus mandatos, revistos. Isso se aplica aos mais diversos campos, da economia à segurança, da energia ao meio ambiente. A crise apenas evidenciou o fato de que nós, líderes de nossos países, precisamos ser sujeitos das reformas necessárias para a construção de um mundo mais justo, desenvolvido e sustentável. Não estamos começando do zero. Algum progresso já foi alcançado. Em temas econômicos e financeiros, as cúpulas do G20 de Washington e de Londres contribuíram para fortalecer o diálogo entre nações desenvolvidas e em desenvolvimento. Fomos capazes de chegar a resultados concretos porque nos unimos. As reuniões entre o G8 e o G5/G6 são outro exemplo da necessidade de incluir os países emergentes nas discussões sobre o futuro da economia internacional e sobre o enfrentamento dos desafios globais. Os países emergentes representam não apenas uma parcela enorme do território e da população do planeta mas também (e cada vez mais) do consumo e da produção globais. Nunca a cooperação internacional foi tão necessária. Agora precisamos ir além. As organizações financeiras internacionais, como o FMI e o Banco Mundial, precisam dar maior peso às economias emergentes mais dinâmicas nos seus processos de tomada de decisões. Também devem ser postas em prática as decisões tomadas pelo G20, no sentido de melhor regular e supervisionar as finanças internacionais, coibir a especulação, combater os paraísos fiscais e centros de lavagem de dinheiro e promover o crescimento. Com a crise, a ameaça do protecionismo ganhou novo impulso. A conclusão da Rodada Doha da OMC é tarefa urgente, para que se possa alcançar acordo ambicioso, amplo e equilibrado que beneficie sobretudo os países em desenvolvimento -em particular os mais pobres- e para que se reforce o multilateralismo comercial. Mas, para tirarmos todas as lições da crise, nós precisamos seguir nesse esforço e estendê-lo para além da esfera econômica e financeira. Não há paz sem desenvolvimento econômico e social...

O emprego formal em Santa Catarina em meio à crise

30/06/2009
O mês de maio de 2009 foi considerado o pior mês da década em termos de geração de empregos de carteira assinada no estado, com redução de 2.072 postos de trabalho em relação a abril, segundo os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho (CAGED). O desempenho do emprego em Santa Catarina foi bem inferior ao do país, cujo mercado de trabalho foi incrementado em 131.557 novos empregos formais, no mês de maio. Em Santa Catarina os primeiros cinco meses do ano apresentaram o pior desempenho da década em geração de empregos, criando apenas 10.552 vagas no período, muito abaixo das 48.175 vagas criadas no mesmo período de 2008. Desde janeiro de 2008 até maio de 2009 o emprego formal como um todo cresceu em Santa Catarina, 4,97%, uma expansão de 84.458 postos de trabalho. A partir de outubro, todavia, com o agravamento da crise internacional, e com os seus reflexos no nível de atividade no Brasil, o emprego no estado mudou de trajetória. Cresceu pouco em novembro, afundou em dezembro e ainda não decolou em 2009, como vimos. O referido comportamento geral do emprego nos últimos meses em Santa Catarina vem acompanhado, ao mesmo tempo, de importantes especificidades dos vários subsetores da economia. Em percentuais, os piores desempenhos foram verificados na Indústria da madeira e do mobiliário (-6,54%), na Agricultura (-5,44%), na Indústria do material do transporte (-2,88%) e na Indústria metalúrgica (-0,75%). O fato de a crise mundial ter atingido especialmente a indústria em todo o Brasil, tem um efeito ampliado em Santa Catarina em função do peso que o setor tem na formação do Produto Interno Bruto do estado. Na formação do PIB catarinense a indústria responde por mais de 37%, o maior percentual entre todos os estados da federação. Um problema também muito relevante é o fato de que os Estados Unidos, epicentro da crise mundial, continuam sendo o principal mercado de destino das exportações catarinenses, com 13,49% do valor total exportado pelo estado em 2008. O segundo lugar neste ranking pertence ao Japão, país também fortemente atingido pela crise mundial, com 6,7% do total.   O aumento do peso dos produtos primários na pauta de exportações catarinense é uma preocupação adicional em meio a atual crise. As exportações catarinenses aumentaram no ano passado, basicamente pelo significativo incremento das exportações de carnes de frango e miudezas, que cresceram acima de 80%. Em 2007, Pedaços e Miudezas de galo/galinha, principais itens exportados pelo estado, representavam 13,13% do valor total exportado, percentual que subiu para 15,31% em 2008. O segundo item mais vendido, Fumo, subiu de 6,10% do valor total em 2007, para 6,65% no ano passado. Enquanto isso, o terceiro item mais...

É hora de manter o poder aquisitivo dos trabalhadores

19/06/2009
Com as medidas tomadas pelo governo federal, como a redução de impostos e o aumento de crédito, o comércio varejista está pra lá de satisfeito. Algumas redes varejistas já se queixam da falta de itens da chamada linha branca, como geladeira, fogões e máquinas de lavar. “Está difícil manter o estoque”, disse Luiza Trajano, presidente da rede Magazine Luiza. Segundo ela, o corte do IPI representou aumento das vendas entre 20% a 25%. A rede Berlanda está com três mil pedidos de lavadoras pendentes, com o incremento de 25% nas vendas. Também o S. M. Wal-Mart admite maior dificuldade em receber os produtos após um crescimento de 30% nas vendas. A venda de material de construção teve em maio um crescimento em torno de 15%, segundo Cláudio Conz, Presidente da Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção). No comércio de automóveis, o cliente que pretende adquirir alguns modelos de carros populares terá que aguardar na fila. Outro setor do Comércio Varejista que passa longe da crise global é o de supermercados. As vendas reais (descontada a inflação) do setor, no país, cresceram 5,7% de janeiro a abril deste ano, frente ao mesmo período do ano passado. Em Santa Catarina os números ficaram próximos de 5% no mesmo período. O Wal-Mart anunciou investimentos de R$ 132 milhões em seis novas lojas no Estado. A rede Angeloni investe em unidade em Curitiba e o Giassi constrói nova loja em Palhoça. Chapecó, além da ampliação de loja do Celeiro, terá novas unidades da Wal-Mart, Brasão e de mais uma rede local. Estamos no período das negociações coletivas de salário e esperamos que os empresários do comércio varejista e atacadista não venham às mesas de negociações com a choradeira da crise. É necessário que a inflação seja totalmente reposta, acrescida de uma parcela considerável de aumento real, por inúmeras razões: a) Manter o poder aquisitivo dos trabalhadores no comércio para continuarem comprando comércio local. É bom lembrar que grande parcela dos salários dos trabalhadores retorna para o comércio. b) Recuperar o poder de compra do piso salarial dos comerciários, hoje defasado em mais de 30% em relação ao salário mínimo de 2003. c) Manter o crescimento da economia local e da região. A força do consumo da população deve garantir um ano sem crise ao comércio varejista do nosso estado.   Autor: Francisco Alano – Presidente da...

O sentido real da campanha contra o diploma

19/06/2009
Sob a alegação de que o jornalismo é uma atividade diferenciada e vinculada à liberdade de expressão e informação, garantida pela Carta Magna do país, o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou por oito votos a um a obrigatoriedade do diploma de jornalista para o exercício da profissão. A decisão de acabar com a obrigatoriedade – estabelecida por um decreto-lei de 1969 – teve como um de seus principais argumentos a tese de que ela foi instituída para controlar a imprensa e excluir da mídia os intelectuais e articulistas. A premissa é errada: é evidente que a lei de exigência do diploma não impedia ninguém de escrever nos jornais, publicar, ou de ser comentarista político, econômico, esportivo, do que quisesse. Mas o fim da obrigatoriedade e esse principal argumento invocado para a deliberação foram suficientes para a mídia comemorar festivamente e à exaustão. Os jornais hoje superdimensionam a importância do assunto, dão páginas e páginas e o Jornal da Globo na noite de ontem, fato raro em sua história, concedeu um segmento inteiro ao fato. A euforia do patronato – Nele era visível a euforia dos representantes, entre outros, da Associação Nacional dos Jornais (ANJ) e da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT) já que o patronato da mídia sempre foi contra a exigência do diploma e contra ele promoveu inúmeras campanhas nos 40 anos de vigência da lei. A comemoração pelo patronato é um indício de que veem no fim da exigência do diploma a fragilização da regulamentação da profissão, como o respeito ao piso salarial da categoria, à jornada de trabalho e às demais condições trabalhistas de exercício profissional. Trata-se de um falso condicionamento. Na maioria dos países que não exigem diploma de curso superior específico de Jornalismo para o exercício da profissão, há farta regulamentação da profissão, não só do ponto de vista das condições de trabalho e remuneração, mas da independência do trabalho intelectual como o direito de consciência. A mídia precisa se democratizar – Comemorar o fim da obrigatoriedade do diploma (nota acima), principalmente com esse enfoque de que sua extinção restabelece a liberdade de expressão e informação, é uma falsa questão. O importante a ressaltar (e peço a reflexão de todos neste sentido), e essa é a questão de fundo desse assunto, é que esse debate é muito mais amplo. Mas tenho de registrar que a decisão do STF democratiza o acesso à profissão, especialmente num mundo onde, com a internet, mais e mais pessoas estão se transformando em autores de seus próprios blogs e noticiários. Também garante a existência da imprensa comunitária que, em algumas cidades do país, vinha sendo cerceada pelo corporativismo das entidades de defesa dos jornalistas. Democratização...

Petrobras democratiza a comunicação

18/06/2009
Depois de décadas sofrendo ataques violentos vindo de grupos que nunca engoliram a sua existência, a Petrobras resolveu tomar uma atitude preventiva, de defesa. Daí a surpresa e a grandiosidade do ato de criação do blog Fatos e Dados, um marco na história da comunicação social. O blog Fatos e Dados colocado no ar pela Petrobras é um marco na história da comunicação social. A partir de agora a relação entre as fontes e os veículos de informação muda de patamar, tornando-se mais equilibrada. Até então a fonte, detentora da titularidade da informação, abria mão desse poder transferindo-o de forma integral para a mídia. E esta fazia do conteúdo informativo o que bem entendia. Daqui para frente isso não irá mais acontecer. Precavida, a fonte se antecipa ao veículo tornando públicas as informações prestadas. Estreita-se dessa forma a margem de manipulação. E quem ganha é o público, na medida em que as informações tornam-se mais confiáveis. Ou pelos menos "checáveis". Nesse sentido a ação comunicativa da Petrobras vai muito além dos seus resultados imediatos. Ela se insere no processo de construção de uma ordem informativa mais democrática e equilibrada que teve um dos seus pontos altos ao final dos anos 1970 quando a UNESCO deu por concluída a tarefa de propor a criação de uma nova ordem mundial da informação e da comunicação. O resultado desse trabalho, realizado por uma comissão presidida pelo irlandês Sean Mac Bride e que contou com a participação, entre outros, do colombiano Gabriel Garcia Marquez, está no livro "Um mundo e muitas vozes", publicado pela Fundação Getúlio Vargas. Propunha-se, naquele momento, a busca do equilíbrio dos fluxos informativos entre os hemisférios Norte e Sul e apontava-se para a necessidade de estimular a circulação de informações entre os países do sul. Era uma resposta às políticas impostas ao mundo pelas potências hegemônicas, segundo as quais deveria prevalecer o "livre fluxo das informações", ou seja regulado apenas pelo mercado. O debate entre as duas posições entrou pelos anos 1980 e chocou-se com a ascensão do neoliberalismo nos Estados Unidos de Ronald Reagan e no Reino Unido de Margareth Tatcher. O resultado é conhecido. Os dois países, retiraram-se da UNESCO, seguidos logo depois pelo Japão, esvaziando a organização e sepultando a generosa idéia de uma nova ordem informativa global. No Brasil, o primeiro movimento mais articulado visando a democratização da comunicação ocorreu 1983, numa iniciativa de um grupo de professores do curso de comunicação social da Universidade Federal de Santa Catarina. Eles lançaram a Frente Nacional de Lutas por Políticas Democráticas de Comunicação, incorporada posteriormente pela Abepec (Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Comunicação) e pela Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas). De prático esses movimentos pouco...

Os Bric atingem sua maioridade

17/06/2009
Em Ecaterimburgo, selaremos um compromisso que objetiva trazer novas respostas a velhos problemas e oferecer uma liderança corajosa para enfrentarmos a inércia e a indecisão. Afinal, o mundo enfrenta hoje desafios de grande complexidade, mas que exigem respostas urgentes. Estamos diante de ameaças que nos afetam a todos – para as quais alguns muito contribuíram, enquanto outros se veem na posição de vítimas inocentes de suas consequências. Mas vivemos entre paradigmas superados e instituições multilaterais desacreditadas. A atual crise econômica apenas aumenta um sentimento crescente de perplexidade e impotência diante da mudança do clima e do risco de escassez mundial de alimentos e energia. Claramente, a sociedade moderna precisa repensar um sistema que, de forma acintosa, fomenta o desperdício dos recursos naturais e finitos da Terra, ao mesmo tempo que condena bilhões de pessoas à pobreza e ao desespero.   Essa é a razão pela qual, na Assembleia Geral das Nações Unidas, em 2008, eu afirmei que "é a hora da política". Chegou a hora de fazermos escolhas difíceis e de enfrentarmos responsabilidades coletivas.   Estarão os países ricos dispostos a aceitar supervisão supranacional e o controle do sistema financeiro internacional, de maneira a evitar o risco de outra crise econômica? Estarão dispostos a ceder seu controle sobre as tomadas de decisão no Banco Mundial e no Fundo Monetário Internacional (FMI)? Concordarão em cobrir os custos da adaptação tecnológica para que as pessoas nos países em desenvolvimento possam se beneficiar dos progressos científicos sem ameaçar o meio ambiente global? Eliminarão os subsídios protecionistas que tornam inviável a agricultura moderna em muitos países em desenvolvimento, ao deixar agricultores pobres à mercê de especuladores e doadores generosos? Essas são as questões que os Bric querem ver respondidas. É por isso que cobramos, durante a recente reunião do G-20, em Londres, que os países desenvolvidos comprometam-se com a reforma do sistema de votação e de cotas das instituições do sistema de Bretton Woods. Apenas assim a voz dos países em desenvolvimento será ouvida. Obtivemos também um compromisso de que será estabelecido um fundo que proverá apoio financeiro eficiente e rápido – livre de dogmas neoliberais – a países afetados por uma repentina queda em suas exportações ou pelo encolhimento do crédito. Esse é apenas o primeiro passo de uma revisão nos fundamentos das políticas que gostaríamos de ver avançar na próxima reunião do G-20. Faremos todos os esforços para levar a Rodada de Desenvolvimento de Doha a uma conclusão rápida e equilibrada. É igualmente urgente renovar as Nações Unidas, se queremos que as instituições multilaterais recuperem relevância. Postergar reformas, especialmente a do Conselho de Segurança, apenas servirá para erodir ainda mais a autoridade das instituições internacionais. Em 2004, patrocinei o Plano de...

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