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O novo capítulo da novela da restauração da Ponte Hercílio Luz é o alerta de que ela corre o risco de desabar. Nos bastidores, o Consórcio Monumento percorreu na última semana gabinetes de deputados e meios de comunicação para afirmar que a mais antiga ligação entre Continente e Ilha de Santa Catarina não está em segurança. Até um relatório sobre os riscos foi feito.

Desde 2008 atuando na obra e com parte da responsabilidade sobre atrasos no cronograma, é a primeira vez que o consórcio levanta em tom de alarme a hipótese de que a ponte pode cair. Isso ocorre justamente quando o governo de Raimundo Colombo anuncia que vai diminuir drasticamente a liberação de verba e que não há mais prazo para terminar a obra, postura contrária a da gestão anterior.

De acordo com o coordenador do Consórcio Monumento, Cássio Magalhães, a Hercílio Luz só estará em segurança após a construção da estrutura de sustentação provisória do vão central, uma espécie de ponte sob a ponte. Enquanto isso não for feito, Magalhães diz que a qualquer momento pode ocorrer uma fatalidade.

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Apesar de o aviso vir com teor de novidade, a ponte está em risco desde quando foi interditada em 1982, com base em um laudo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo.

Mesmo com o alerta do consórcio, o governador Raimundo Colombo não mudou a sua postura. Diz que está trabalhando para diminuir os riscos da ponte, mas salienta que é uma obra muito cara para os cofres do Estado e que não resolve o problema de tráfego. Para ele, a Hercílio Luz se trata somente de um monumento.

— A obra não está parada, mas tem um custo elevado. É um símbolo de Florianópolis e merece atenção. Para solucionar o problema de trânsito vamos nos concentrar em uma nova travessia, que é mais barata do que investir na Hercílio Luz, que vai ter seu uso limitado — afirma Colombo, demonstrando a sua prioridade de governo.

A restauração não está parada, mas segue a passos lentos. O governo estadual está disposto a injetar R$ 14 milhões na obra em 2011. Mas só para a construção da estrutura provisória que garantiria a segurança da ponte, o Consórcio Monumento aponta que precisa de pelo menos R$ 60 milhões. Esse valor é justamente, a quantia prevista pelo governo anterior para investir na Hercílio Luz este ano.

Pela Lei de Orçamento Anual de 2011, foram reservados R$ 20 milhões dos cofres do Estado e R$ 40 milhões do FundoSocial.

Segundo o secretário de Infraestrutura, Valdir Cobalchini, a nova gestão vai redirecionar a destinação de parte dos recursos para a construção e recuperação de estradas. Ele diz que o orçamento da secretaria tem que ser utilizado em obras de mobilidade urbana e transporte. Para se ter ideia do que o valor previsto para a Hercílio Luz representa no sistema viário do Estado, R$ 60 milhões é o quanto a pasta gastará com a restauração das rodovias danificadas pela chuva desde janeiro.

— Ainda não decidimos, mas a ponte, será usada para pedestres e atividades de visitação — diz o secretário.

Ao considerar a ponte como um bem cultural e turístico, Cobalchini alega que o ideal é buscar investimentos em parcerias público-privadas e da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura para terminar a restauração, ideia que outros governos propuseram, mas não tiveram êxito. O secretário diz que está elaborando um projeto para apresentar às empresas e entidades financiadoras.

Os contatos já começaram a ser feitos. De certa forma, é como se a restauração estivesse voltando à estaca zero, já que não se sabe quanto tempo o governo levará para conseguir o recurso. Isso se, realmente, alcançar esse objetivo, já que a obra é cara: ainda são necessários R$ 172 milhões para finalizá-la totalmente.

Publicado em 6/04/2011 -

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