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Dicionario-temerarioCom o golpe e a ascensão de Michel Temer ao poder, as manchetes da mídia tradicional vão se tornando ainda mais confusas. Essa imprensa dá a notícia, mas deixa a informação de fato somente nas entrelinhas ou escondida sob palavras de efeito.

Ou seja, usam frases bonitas e termos como ‘modernização’ ou ‘flexibilização’ para dar uma cara séria a intenções nefastas contra os trabalhadores e a maior parte da sociedade, como retirada de direitos, retrocesso e exclusão social, desrespeito às minorias.

Diante disso, criamos o Dicionário Temerário para ajudar a traduzir as notícias e mostrar que o golpe é contra você trabalhador e sua família para favorecer banqueiros e grandes empresários, aquele 1% que já está com os bolsos entubados de dinheiro. Não se esqueça que os donos da mídia também são parte desse 1%.

Leia e participe mandando contribuições.

  1. Flexibilização ou modernização das leis trabalhistas

Só a expressão é bonita. Na prática, é um desastre para todos nós porque significa: redução de direitos dos trabalhadores em benefício dos patrões.

A realidade por trás desses termos pode levar ao fim do 13º, das férias, do FGTS, da jornada de seis horas, da política de valorização do salário mínimo, de conquistas como vales refeição e alimentação, licenças maternidade e paternidade, jornada, horas extras.

Ao todo, a CLT, Consolidação das Leis do Trabalho, tem quase mil artigos. Todos ameaçados. Simples assim.

  1. Negociado sobre o legislado

Outra expressão rebuscada usada para maquiar as reais intenções. Em bom “trabalhês”: Acabar com a CLT.

O tal negociado sobre o legislado quer dizer que o que for negociado diretamente entre patrão e empregado terá mais força que a lei, em qualquer circunstância. Atualmente, via de regra, isso só vale se o acordo negociado diretamente com o patrão for mais vantajoso para o trabalhador que a lei. Se for menos, vale a lei. Se a ideia do negociado sobre o legislado passar, a lei será sempre decorativa, afinal, valerá mesmo o acordo, independente de quem ganha ou quem perde. E todos sabemos como são duras as campanhas nacionais dos bancários. O sufoco que é arrancar alguma coisa deles. Isso porque temos uma categoria unida e organizada. Imagina nas categorias onde isso ainda não ocorre!

  1. Privatização ou Abertura de Capital

Em português do povo: vender riqueza nacional para os grandes magnatas do mundo.

Essa é mais conhecida, já passamos pelas grandes privatizações dos tempos de FHC e o resultado foi péssimo. Vendemos parte importante de nosso patrimônio a preço de banana. A Vale, por exemplo, custou aos estrangeiros 3% de seu valor de menegociado legislado rcado à época – e o arrecadado não resolveu nada porque fechamos aquele governo indo ao FMI com o chapéu na mão.

Além de não termos muita certeza do que aconteceu com a grana, ficamos com serviços essenciais – telefonia fixa, móvel e fornecimento de energia elétrica, por exemplo – caros, de péssima qualidade e ainda dores de cabeça gigantes com a dificuldade de resolver irregularidades descaradas como cobranças indevidas, ao som de irritantes ‘musiquinhas de gás’ enquanto esperamos atendentes eletrônicos que nunca respondem.

O roteiro da privatização é conhecido e já está em prática. Primeiro, desenha-se o pior cenário possível da economia, um país “quebrado e sem forças para reagir sozinho”. Depois, sucateia-se o patrimônio nacional. Mas só um pouco, para dar a ideia de aquilo é um elefante branco. Só que não, ou ninguém compraria, não é mesmo? Lembremos de novo a Vale, apresentada como uma verdadeira porcaria na época da privatização, hoje é o que é. Seus lucros poderiam estar vindo para a sociedade brasileira, mas estão indo é para o bolso lá daquele 1%. A Petrobras passou pelo mesmo processo – teve uma plataforma inteira afundando e chegou a chamar Petrobrax. Hoje é uma das maiores empresas no mundo, com lucros vindo para a sociedade brasileira. E também está sendo exposta, correndo riscos de ser entregue ao capital internacional.

  1. Regulamentação da terceirização

Regulamentar dá ideia de organização, progresso. Porém, neste caso, é reduzir direitos e achatar salários.

Isso porque a visão de ‘regulamentar’ dos empresários quer dizer ‘liberar’ a terceirização em todos os setores e formas possíveis. Afinal, os terceirizados têm menos direitos, jornadas mais extensas, dicionario_temerario_terceizado_pagina4salários mais baixos, condições de trabalho piores. E, claro, mais dificuldade para se organizar já que, pulverizados em diferentes empresas prestadoras de serviço, não conseguem se mobilizar ao lado de sindicatos. Tudo que o setor patronal quer.

  1. Estado mínimo ou redução do papel do Estado

Em outras palavras, significa acabar com serviços públicos essenciais, como saúde e educação, e deixar a sociedade nas mãos das grandes empresas.

O Sistema Único de Saúde (SUS) é um ótimo exemplo. Apesar das dificuldades, é o único acesso a serviços de saúde para a grande maioria da população. Sem ele, ou se paga um plano médico – o que, sabemos, não é barato – ou fica-se à mercê da sorte. Se tiver um pré salacidente ou um ataque no meio da rua, não há a quem recorrer se não tiver dinheiro. Se precisar de uma cirurgia, a barreira não será o tempo de espera – longo, mas finito – e sim a conta do banco. Se não tiver a grana, não tem tempo de espera que dê jeito.

E associar pagamento a qualidade é ilusão, afinal, os convênios médicos privados figuram entre as empresas que mais recebem reclamações dos clientes. Países onde os serviços de saúde estão nas mãos do setor privado, a exemplo dos EUA, também sofrem com falta de qualidade.

Na educação, cenário parecido. Tudo bem, há escolas públicas ruins, mas ainda assim oferecem – e muitas com grande êxito – opção para quem não tem dinheiro. Sem elas, é simples. Ou paga a mensalidade – que nunca é barata – ou não estuda.

Também pode ser traduzido como mundo cão, no qual só os mais ricos têm direito a viver dignamente.

  1. Cortar gastos ou austeridade fiscal

cortesA pegadinha aqui está por um complemento. Não é simplesmente cortar gastos. É cortar investimentos que reduzem desigualdades sociais.

Ou alguém falou em taxação de grandes fortunas ou cortar custos com as mordomias do Judiciário, por exemplo, ou parlamentares?

Algum sinal no horizonte de que o auxílio moradia dos juízes do Supremo – que já ganham altos salários – será revogado? Pelo contrário. Uma das primeiras ações de que se teve notícia após o golpe foi da aceitação do reajuste salarial no Judiciário, que havia sido vetado pela Dilma.

Os cortes são cirúrgicos, em programas respeitados internacionalmente – a exemplo do Bolsa Família; Minha Casa, Minha Vida, Prouni, Fies. Os cortes atingem sempre as camadas mais carentes da população. Taxar grandes fortunas ou mudar a maneira como são cobrados impostos no Brasil seria um remédio muito mais eficaz para evitar esses cortes e promover justiça social.

Fonte: Sindicato dos Bancários de São Paulo – Imagens: Baraldi

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