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[Boletim CONJUNTURA SEMANAL Nº 3 – Subseção do DIEESE da FECESC – 7 a 13 de outubro de 2017]

Foto Reuters - Somália

Há muito pouco tempo, o capitalismo se dizia soberano. Seus ideólogos chegaram a pregar o “fim da história”, afirmando que o sistema baseado na exploração do homem pelo homem havia vencido qualquer alternativa socialista. Hoje, após o acúmulo de experiências traumáticas em todos os cantos do planeta, fica cada vez mais claro o fracasso do capitalismo contemporâneo. Ao contrário da ideologia vendida de que o capitalismo geraria paz, temos casos de violência individual e coletiva. Ao contrário da farsa da globalização, temos ascensão de governos protecionistas e um processo de separação dentro de uma nação do centro europeu. No Brasil, por sua vez, assistimos o desmoronamento da capacidade de governar da classe dominante.

 

  1. Sociedade doente e violência

A semana foi de luto no Brasil e no mundo. Um cidadão até então comum, fortemente armado – sustentado pela política de incentivo ao armamento em massa do Estado terrorista Norte-Americano –, atirou de um quarto de hotel contra uma multidão em um festival de música em Las Vegas, nos Estados Unido. Ele matou 59 pessoas, deixou outras 527 feridas e se suicidou depois. No Brasil, em Janaúba, cidade do interior de Minas Gerais, um segurança de uma creche trancou as portas e ateou fogo em si mesmo, se suicidando e assassinando com seu ato uma professora e mais 9 crianças. Para completar a carnificina semanal, na capital da Somália, Mogadíscio, um conjunto de atentados terroristas, levados a frente pelo grupo Al Shahab – fundamentalistas islâmicos que controlam parte do território do país –, até agora já registraram a morte de mais de 300 pessoas no país, que vive em guerra civil desde 1991.

Casos como estes são cada vez mais comuns no mundo contemporâneo. Em um planeta dominando pelo capital, onde a vida das pessoas é subalterna à lógica do lucro, da dominação e do controle, não poderiam deixar de estar presentes. Com a crise, a guerra de classes do capitalismo contra o povo e a saturação do nível de agressão suportada por este povo, casos como estes começam a se tornar comuns. Enquanto isso, em Cuba, o sistema de saúde baseado no bem viver do povo e sua medicina preventiva, que atende desde as lesões externas como as internas, da alma humana, continua um sucesso, sem registro de casos deste tipo. Grande vitória do socialismo contra a chacina permanente do capitalismo.

 

  1. Independência da Catalunha: mais um sinal da desagregação da União Europeia e do domínio alemão

A Catalunha é uma região autônoma, com história e cultura próprias e que só existe como domínio do Estado espanhol em função da violência empregada pela ditadura militar espanhola, comandada pelo general Franco entre o final da década de 30 e os anos 60. Desde então, o povo catalão é impedido de expressar livremente sua nacionalidade, sendo que permaneceu dominado após o fim do franquismo pela democracia parlamentarista espanhola. A Catalunha é uma região que concentra um quinto do PIB espanhol, consideravelmente industrializada se comparada a outras regiões da Espanha.

Com a ascensão da União Europeia durante a primeira década dos anos 2000, a Catalunha, juntamente com a Espanha, passou a ser parte do domínio econômico do imperialismo alemão. Através da moeda comum, o Euro, a Alemanha aumentou a competitividade das suas mercadorias industriais e passou a exportar para todo o restante da periferia europeia. Já estes países, incluindo a Espanha, viram sua indústria definhar, passando a ser meros países importadores, onde sua elite lucra altas quantias com a compra e venda de mercadorias e com a especulação dos sistemas da dívida pública.

A crise de 2008 e seus efeitos na Europa liquidaram com esta dinâmica. De um lado, a periferia europeia, desindustrializada e altamente endividada, entra em crise profunda, com altas taxas de desemprego e uma profunda crise da dívida pública, de outro lado, o imperialismo alemão fecha suas portas para garantir seus empregos e impõe a austeridade aos países periféricos para que estes mantenham os pagamentos de juros para os bancos alemães. A situação, quando acrescida às hordas migratórias vindas das guerras na África e no Oriente Médio – produto histórico da política imperialista europeia para estas regiões –, é explosiva.

É neste contexto que a Catalunha propõe sua independência, como uma resposta da elite industrializada catalã contra a subordinação espanhola ao domínio financeiro alemão. Se a independência é um projeto da elite catalã, entretanto, a mesma precisa do povo catalão para realizar seus objetivos. Assim, a região viveu um plebiscito de independência marcado pela violência da polícia espanhola contra o povo catalão e, dois dias depois, uma grande greve geral, tocada pelo povo. O povo se mostra protagonista e, no desencadear do processo de independência e ruptura com o imperialismo alemão, no momento em que a elite catalã – representada pelo presidente da região – vacila por medo das represálias da União Europeia, pode assumir para si o destino da nação. Mais uma perspectiva de sucesso para a luta emancipatória contra o domínio cada vez mais frágil e violento do capitalismo sobre os povos do mundo.

 

Responsável Técnico: Maurício Mulinari

Imagem: REUTERS Feisal Omar

Fontes:

https://brasil.elpais.com/brasil/2017/10/02/internacional/1506924128_805835.html

https://www.revistaforum.com.br/2017/10/07/16-criancas-vitimas-de-incendio-em-creche-de-minas-recebem-alta/

http://www.valor.com.br/internacional/5156662/mortos-em-atentado-na-somalia-passam-de-300

https://brasil.elpais.com/brasil/2017/10/16/internacional/1508134244_135653.html

 

 

 

 

Publicado em 16/10/2017 - Tags: ,

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