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MOÇÃO DE REPÚDIO – Luiz Carlos Prates

09/12/2010
MOÇÃO DE REPÚDIO Os delegados e sindicatos presentes na 58ª Plenária Estadual da Federação dos Trabalhadores no Comércio no Estado de Santa Catarina, realizada nos dias 29 e 30/11/2010 e 01//12/2010, vêm a público manifestar o seu veemente repúdio aos comentários proferidos pelo Senhor Luiz Carlos Prates durante a edição do Jornal do Almoço da RBS TV de Santa Catarina, no dia 15/11/2010. Os signatários da presente consideram as palavras do comentarista absurdamente preconceituosas e desprovidas de qualquer fundamento lógico. Ao jogar a culpa pelo alto número de acidentes automobilísticos sobre os cidadãos de menor renda que, graças aos avanços econômicos e sociais alcançados pelo país nos últimos anos, tiveram acesso a bens que antes eram exclusividade dos mais favorecidos, o senhor Luiz Carlos Prates demonstra omissão ou desconhecimento sobre a realidade dos fatos, realidade esta que pode ser constatada numa simples conferência nos arquivos da emissora onde trabalha, sobre casos graves recentes e de grande repercussão envolvendo a direção de veículos (dentre estes: o caso do atropelamento do jovem Rafael Mascarenhas – filho da atriz Cissa Guimarães – no Rio de Janeiro em julho deste ano; o caso do Deputado paranaense Fernando Ribas Carli Filho, que matou 2 pessoas em maio de 2009 ao dirigir embriagado; o caso dos motociclistas flagrados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) promovendo “rachas” em agosto deste ano, na BR-101 e na BR-282, em São José, na Grande Florianópolis). Nestes e em muitos outros casos, os responsáveis comprovadamente não são pessoas pobres ou miseráveis. Julga o senhor comentarista, numa escancarada demonstração de preconceito de classe, que os cidadãos de menor renda aproveitam o fato de estarem na direção de um veículo para extravasarem as suas frustrações. A afirmação carece de fundamento e soa como um reducionismo intencional, que “enquadra” os pobres e isenta os mais ricos de qualquer ônus, como se estes últimos fossem imunes a frustrações e a atitudes criminosas pelo simples fato de serem ricos. Sede: Avenida Mauro Ramos, 1624 – Caixa Postal 213 – CEP 88020-304 – Centro – FLORIANÓPOLIS – SC Fone: (048) 3229-8677 – Fax: (048) 3229-8631 E-Mail: fecesc@fecesc.org.br – Home Page: www.fecesc.org.br CNPJ 83 929 588/0001-90 Autor: Delegados e sindicatos participantes da 58ª Plenária da...

Os donos da mídia estão nervosos

02/12/2010
O blogueiro Renato Rovai contou durante o curso anual do Núcleo Piratininga de Comunicação, realizado semana passada no Rio, que a Veja andou atrás dele querendo saber como foi feita a articulação para que o presidente Lula concedesse uma entrevista a blogs de diferentes pontos do Brasil. Estão preocupadíssimos. À essa informação somam-se as matérias dos jornalões e de algumas emissoras de TV sobre a coletiva, sempre distorcidas, tentando ridicularizar entrevistado e entrevistadores. O SBT chegou a realizar uma edição cuidadosa daquele encontro destacando as questões menos relevantes da conversa para culminar com um encerramento digno de se tornar exemplo de mau jornalismo. Ao ressaltar o problema da inexistência de leis no Brasil que garantam o direito de resposta, tratado na entrevista, o jornal do SBT fechou a matéria dizendo que qualquer um que se sinta prejudicado pela mídia tem amplos caminhos legais para contestação (em outras palavras). Com o que nem o ministro Ayres Brito, do Supremo, ídolo da grande mídia, concorda. Jornalões e televisões ficaram nervosos ao perceberem que eles não são mais o único canal existente de contato entre os governantes e a sociedade. Às conquistas do governo Lula soma-se mais essa, importante e pouco percebida. E é ela que permite entender melhor o apoio inédito dado ao atual governo e, também, a vitória da candidata Dilma Roussef. Lula, como presidente da República, teve a percepção nítida de que se fosse contar apenas com a mídia tradicional para se dirigir à sociedade estaria perdido. A experiência de muitos anos de contato com esses meios, como líder sindical e depois político, deu a ele a possibilidade de entendê-los com muita clareza. Essa percepção é que explica o contato pessoal, quase diário, do presidente com públicos das mais diferentes camadas sociais, dispensando intermediários. Colunistas o criticavam dizendo que ele deveria viajar menos e dar mais expediente no palácio. Mas ele sabia muito bem o que estava fazendo. Se não fizesse dessa forma corria o risco de não chegar ao fim do mandato. Mas uma coisa era o presidente ter consciência de sua alta capacidade de comunicador e outra, quase heróica, era não ter preguiça de colocá-la em prática a toda hora em qualquer canto do pais e mesmo do mundo. Confesso que me preocupei com sua saúde em alguns momentos do mandato. Especialmente naquela semana em que ele saía do sul do país, participava de evento no Recife e de lá rumava para a Suíça. Não me surpreendi quando a pressão arterial subiu, afinal não era para menos. Mas foi essa disposição para o trabalho que virou o jogo. Um trabalho que poderia ter sido mais ameno se houvesse uma mídia menos partidarizada e mais diversificada. Sem ela...

Novo padrão de mudança social

18/11/2010
Do final do Plano de Metas de Juscelino Kubitschek (1956-61) ao segundo governo Lula (2006-10), o Brasil conviveu com três distintos padrões de mudanças sociais, identificados por um conjunto amplo e profundo de transformações econômicas (estruturas produtiva, ocupacional e distributiva) e de reorientação nas políticas públicas (Estado de bem-estar social). Ao se considerar a evolução de indicadores-sínteses da realidade brasileira, como os da renda per capita nacional e da desigualdade na repartição da renda pessoal, nota-se o ineditismo do momento atual, de conteúdo não esboçado plenamente no primeiro e no segundo padrões de mudanças sociais. Entre as décadas de 1960 e 1970, o Brasil apresentou o primeiro padrão de mudança social, caracterizado pela forte expansão nacional da renda per capita, acompanhada de significativo aumento no grau de desigualdade na repartição da renda pessoal, responsável por brutal diferenciação no movimento de mobilidade social. Na toada do projeto de industrialização nacional, sem planejamento e sem reforma agrária, houve excessiva transição populacional do campo para a cidade. Além do excedente de mão de obra gerado nos grandes centros urbanos, o valor real do salário mínimo registrou queda média anual de 1,6%, diante da elevação média de 4,6% ao ano do PIB per capita, entre 1960 e 1980. Mesmo com a presença da informalidade, a cada ano a ocupação total aumentou 3,1% e a taxa nacional de pobreza decaiu 1,3%, enquanto a escolaridade dos brasileiros passou de 2,1 para 3,9 anos (3,1% de aumento anual) e o grau de desigualdade na renda pessoal cresceu 1%. Em síntese, um contraste visível entre a rápida elevação da renda nacional por habitante e o forte aumento das iniquidades, especialmente na divisão dos frutos do crescimento econômico. O segundo padrão de mudança social, ocorrido entre os anos de 1981 e 2003, foi demarcado pela estagnação na evolução da renda per capita e no grau de desigualdade na repartição da renda pessoal. A vigência do regime de superinflação (até 1994) e de crises econômicas seguidas fez regredir a renda nacional em vários períodos (1981-83, 1990-92, 1998-99 e em 2002-03). Sem a sustentação do crescimento da renda nacional per capita (variação de 0,2% ao ano), o grau de desigualdade praticamente não mudou (variação negativa de 0,1% ao ano), enquanto o desemprego cresceu fortemente (5,6% ao ano) e o valor real do salário mínimo foi reduzido 1,8% ao ano, em média. Além disso, a cada ano a taxa de pobreza caiu apenas 0,8%, e a escolaridade foi ampliada somente em 2,1% (de 3,9 para 6,3 anos). Resumidamente, a interrupção da mobilidade social e das oportunidades econômicas. Desde meados da década de 2000, percebem-se sinais de novo padrão de mudança social no país. Esse terceiro padrão possui como características principais a...

Alma lavada

08/11/2010
Esta eleição ficará na história como aquela em que houve maior parcialidade da mídia nacional. Nem mesmo em 1989, quando a Rede Globo editou as imagens do debate para favorecer Collor de Mello houve tamanho comprometimento de setores da mídia com uma candidatura e a tentativa de descontruir outra. Reportagens, fotografias, editoriais, textos assinados e até cartas de leitores eram unânimes em discorrer elogios a José Serra e atacar Dilma Rousseff. Por extensão atacaram de todas as formas o governo Lula e numa inversão inédita da lógica de dar visibilidade às opiniões divergentes da sociedade os 3% que, segundo os institutos de pesquisas, consideram o governo ruim ou péssimo ocupavam nestes veículos de comunicação o espaço que seria razoável ser ocupado também pelos 83% que avaliam positivamente o presidente e seu governo. Criminosos com extensa ficha na polícia foram guindados à condição de “empresários” e “consultores”, figuras absolutamente anônimas defensores do obscurantismo e sem nenhuma representatividade social, tiveram espaços nobres para discorrer sobre suas idéias medievais. Notórios tucanos ou demistas eram apresentados como “cientistas sociais”. TFP, Opus Dei e outros celerados que chegaram a defender em passado recente a volta da Monarquia, assessoravam o candidato tucano e tiveram espaços significativos na nossa mídia que se pretende moderna e democrática. Obscurantistas estes que, com certeza, convenceram Serra a beijar a santa. Tudo isso, sob o discurso hipócrita da neutralidade que escondia o seu partidarismo, explicitado somente pelo Estadão que, em editorial, admitiu a sua preferência pelo candidato tucano. Jornal este que, para não deixar dúvidas a respeito da sua postura antidemocrática demitiu a articulista Maria Rita Khel que ousou questionar a desqualificação do voto dos pobres que reiteradamente aquele jornal – e toda a grande mídia – insistem em promover. Num dos piores momentos da campanha de baixíssimo nível de José Serra, foi colocado no seu programa eleitoral cachorros ferozes simbolizando a militância petista, desrespeitando mais de um milhão de cidadãs e cidadãos brasileiros filiados a esta legenda, que contribuíram e contribuem com sua militância voluntária para construção de um país cada vez mais democrático, com inserção soberana no mundo e com justiça social e econômica. A imagem dos rottweiler, entretanto, é mais apropriada para ilustrar o comportamento de alguns articulistas, “analistas” e colaboradores da grande imprensa que – mais realistas do que o rei – destilaram ódio contra o governo Lula, Dilma Roussef, o PT, os aliados e as centenas de organizações sociais que apoiaram a candidata petista. Figuras patéticas como Demétrio Magnoli, Marco Antonio Villa, Danusa Leão, Arnaldo Jabor, José Nêumanne Pinto, Denis Rosenfeld, Boris Casoy, Marcelo Madureira, Diogo Mainardi, Reinaldo Azevedo, só para citar os mais conhecidos, parece que estabeleceram uma disputa pessoal para ver quem era...

O pós-Lula é Dilma

04/11/2010
O dilema colocado pelas eleições brasileiras era a definição sobre se o governo Lula seria um parêntese na longa história de dominação das elites no país ou se se constitui numa ponte para sair definitivamente do modelo herdado e construir um Brasil solidário, justo e soberano. Triunfou esta via, pelo voto majoritário dos brasileiros, prioritariamente os dos beneficiários das políticas sociais que caracterizam o governo de Lula: os mais pobres, os que vivem nas regiões tradicionalmente mais pobres – o norte e o nordeste do Brasil. Foi um voto claramente direcionado pela prioridade do social que caracterizou centralmente o governo Lula. No país mais desigual do continente mais desigual, a maior transformação que o Brasil viveu nestes oito anos foi a diminuição da desigualdade, da injustiça, como resultado das políticas sociais do governo. Nunca havia acontecido, seja em democracia ou em ditadura, em ciclos expansivos ou recessivos da economia. Aconteceu agora, de forma contundente, transferindo para o centro da pirâmide de grupos na distribuição de renda, a maioria dos brasileiros. Esse foi o fator decisivo para que, mesmo tendo praticamente toda a imprensa, em bloco, militantemente, contra seu governo e sua candidata, Lula e Dilma saíram vencedores. A oposição, derrotada na comparação dos dois governos, buscou um atalho para chegar por outra via aos setores da população: a questão do aborto, valendo-se dos preconceitos reinantes e da ação de religiosos. Conseguiram um sucesso efêmero, que levou a eleição para o segundo turno, mas, uma vez que a política voltou ao centro da campanha, a comparação entre os dois governos e a condenação das privatizações levaram à vitória da Dilma. Que representa não apenas a eleição da primeira mulher presidente da República, mas também de uma militante da resistência contra a ditadura, presa e torturada pelo regime militar. Que representa o primeiro presidente que consegue eleger seu sucessor. Depois da reeleição de Evo Morales e de Pepe Mujica sucedendo a Tabaré Vazquez, o Brasil se soma ao grupo de países que reafirmam o caminho da integração regional e não do TLC com os EUA, da prioridade das políticas sociais em relação ao ajuste fiscal, com Dilma sucedendo a Lula. O povo brasileiro decidiu, em meio a fortes pressões do monopólio privado da mídia e de forças obscurantistas, que o pós-Lula terá na Presidência do Brasil aquela que Lula escolheu para sucedê-lo, para continuar e aprofundar as transformações que tem feito o Brasil ser um país mais justo, solidário e soberano. Publicado no Blog do Emir no site www.cartamaior.com.br Autor: Emir Sader – sociólogo e cientista, mestre em filosofia política e doutor em ciência política pela USP – Universidade de São...

O impacto da lei do piso estadual sobre os salários dos trabalhadores catarinenses

04/11/2010
Estudo recente do DIEESE em Santa Catarina constatou que, em 2010, os pisos salariais das categorias, em Santa Catarina, obtiveram importantes ganhos reais em função da Lei Complementar nº 459/09, que instituiu os pisos salariais estaduais, a partir de 1º de janeiro. Em percentual de ganho real, os destaques ficaram por conta da Agricultura (20,27% de ganho real), Educação (15,91%), Alojamento e Alimentação (15,29%). Os dados apurados revelam que os pisos salariais praticados no Estado nas diversas categoriais sofreram um efeito combinado do salário mínimo nacional, que há anos vem pressionando positivamente os salários mais baixos, e da referida. O estudo constata que, no ano de 2010, em um universo de mais de 300 pisos pesquisados, cerca de 47% do total tiveram ganho real superior ao do obtido pelo salário mínimo. Tal percentual superior mostra-se maior do que aquele obtido em 2009 no Brasil, que foi de quase 30%. Ou seja, os efeitos do mínimo que, em todo o Brasil, têm forçado uma melhoria dos valores dos pisos, foram potencializados pelo piso estadual em Santa Catarina. Na comparação com o salário mínimo, os setores que praticam os menores salários foram os que apresentaram os melhores desempenhos no período. É o caso da agricultura, cujo piso médio valia 1,06 SM em 2008, que passou para 1,15 SM neste ano, como decorrência direta da lei estadual. O mesmo fenômeno ocorreu com alguns segmentos da indústria de transformação, como o alimentício e o têxtil, que também evoluíram na comparação com o salário mínimo. É o caso, também, do segmento de educação que passou de 1,38 SM em 2008 para 1,44 neste ano. Os setores com pisos um pouco maiores não conseguiram acompanhar os ganhos reais incidentes sobre o salário mínimo, que foram muito expressivos no período (22,89%). Nos últimos dois meses de 2010, as centrais sindicais deverão intensificar os seus esforços para realizar a negociação do mecanismo de correção dos pisos salariais para 2011 e anos seguintes, previstos pelo parágrafo único do artigo 2º da Lei Complementar nº 459/09. Tendo em vista que quando da aprovação da Lei Complementar 459/09 não foi levada em consideração a inflação de 2009, as centrais estão defendendo, como política de transição da mencionada lei, que os valores dos pisos estaduais de salários sejam corrigidos com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC-IBGE) acumulado entre janeiro de 2009 e dezembro de 2010, a vigorar a partir de 1º de janeiro de 2011. A definição de um mecanismo de correção dos pisos, por meio de negociação tripartite, é fundamental para manter a eficácia da lei e o poder aquisitivo dos salários. A falta de um mecanismo de correção, que seja objetivo e automático, conduzirá à gradual...

Por que o tema das privatizações incomoda tanto Serra?

20/10/2010
 No primeiro debate televisivo do segundo turno desta campanha eleitoral, José Serra mostrou-se incomodado quando o tema das privatizações foi colocado por Dilma Rousseff. Serra quis dar ao debate da questão um significado eleitoreiro, talvez pensando que seja mais um "trololó" da esquerda, como gosta tanto de dizer. Não é assim. Quando a sociedade brasileira é convocada para decidir os destinos do país nos próximos anos, nada mais natural que o papel do Estado em nosso projeto nacional de desenvolvimento seja devidamente debatido. A questão das privatizações emergiu no governo Collor de Mello, dormitou no interregno Itamar Franco e ganhou força durante o período FHC. Correspondeu a período marcado não só pela "débâcle" dos regimes comunistas europeus e pela deriva social-democrata como pelo aparente êxito da proposta neoliberal que vicejava na Inglaterra de Thatcher e no Chile de Pinochet. As teses sobre a diminuição do papel do Estado -quando não da necessidade do Estado mínimo- que acabaram por bater, ainda que tardiamente, nas costas brasileiras refletiam um otimismo desenfreado sobre o papel dos mercados na regulação econômica e financeira. Elas espelhavam também o grande fascínio exercido pela "globalização" produtiva, mas sobretudo financeira, em curso. Ao considerar, de certa forma, irrelevantes a produção e os mercados nacionais, elas acabavam por minimizar o papel desempenhado pelos Estados nacionais. Os governantes teriam de ser apenas gerentes de políticas mundialmente acordadas pelos grandes centros econômicos. Ficariam relegados a replicar orientações macroeconômicas de fora, que viabilizassem novo desenho geoeconômico e, evidentemente, geopolítico. FHC não hesitou em proclamar o advento de um "novo Renascimento" mundial, ainda que fosse obrigado a reconhecer que alguns milhões de brasileiros iriam ficar obrigatoriamente fora deste suposto ciclo de prosperidade. Complementando o ajuste que aqui e lá fora foi praticado, trataram de liberar o Estado de pesados fardos -as estatais-, que supostamente o impediam de cumprir suas funções. Ficava a dúvida sobre quais seriam essas "funções". Não por acaso usou-se na propaganda a favor das privatizações a imagem de um elefante em um local fechado. As estatais não passavam de um trambolho que impedia o desenvolvimento do país. No altar dessas crenças foram sacrificadas importantes empresas nacionais. Os cerca de US$ 100 bilhões conseguidos no processo de privatização comandado pelo ministro José Serra se esfumaram. O país aumentou consideravelmente sua dívida interna e se tornou muito mais vulnerável internacionalmente, como ficou claro quando as crises mexicana, asiática e russa levaram o Brasil sucessivamente à beira do abismo. Perversidade maior desse processo foi o uso de vultuosos recursos do BNDES para financiar as empresas estrangeiras que entraram nas privatizações. Resumindo a originalidade brasileira: privatizou-se com dinheiro do Estado brasileiro. Em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, em 2008, no início...

Para Dilma Rousseff: o feminino e a política atual

14/10/2010
Dilma Rousseff, como mulher, desperte para sua missão histórica única. Sua candidatura é providencial para o Brasil e para o equilíbrio da Mãe Terra. Que os eleitores, homens e mulheres, ao elegê-la Presidenta, se tornem artífices de um processo de regeneração e de um destino bom para todos. ________________________________________________________________________ A reflexão antropológica dos últimos anos tem mostrado que masculino-feminino não são entidades autônomas, mas princípios ou fontes de energia que continuamente constroem o humano como homem e mulher. Estes são resultado da ação destes princípios anteriores e subjacentes que se realizam em densidades diferentes em cada um deles. O feminino no homem e na mulher é aquele momento de integralidade, de profundidade abissal, de capacidade de pensar com o próprio corpo, de decifrar mensagens escondidas sob sinais e símbolos, de interioridade, de sentimento de pertença a um todo maior, de cooperação, de compaixão, de receptividade, de poder gerador e nutridor e de espiritualidade. O masculino na mulher e no homem exprime o outro pólo do ser humano, de razão, de objetividade, de ordenação, de poder, até de agressividade e de materialidade. Pertence ao masculino na mulher e no homem o movimento para a transformação, para o trabalho, para o uso da força, para a clareza que distingue, separa e ordena. Pertence ao feminino no homem e na mulher a capacidade de repouso, de cuidado, de conservação, de amor incondicional, de perceber o outro lado das coisas, de cultivar o espaço do mistério que desafia sempre a curiosidade a a vontade de conhecer. Observe-se: não se diz que o homem realiza tudo o que comporta o masculino e a mulher tudo o que expressa o feminino. Trata-se aqui de princípios presentes em cada um, estruturadores da identidade pessoal do homem e da mulher. Continua sendo o drama da cultura patriarcal o fato de ter usurpado o princípio masculino somente para o homem fazendo com que ele se julgasse o único detentor de racionalidade, de mando, de construção da sociedade, relegando para a privacidade e para tarefas de dependência a mulher, não raro, considerada um apêndice, objeto de adorno e de satisfação. Ao não integrar o feminino em si, se enrijeceu e se desumanizou. Por outra parte, impedindo que a mulher realizasse o seu masculino, fragilizou-a e lhe fez surgir um sentimento de implenitude. Ambos se depauperaram e mutilaram a construção da figura do ser humano uno e diverso, recíproco e igualitário. A superação deste obstáculo cultural é a primeira condição para uma relacionamento de gênero mais integrador e justo para cada uma das partes. O movimento feminista mundial colocou em xeque o projeto do patriarcado que dominou por séculos e desconstruiu as relações de gênero organizadas sob o signo da...

As boas notícias acerca do mercado de trabalho

04/10/2010
O mercado de trabalho brasileiro continua produzindo boas notícias. Segundo a PED-Metropolitana, do DIEESE, a taxa de desemprego total, nos últimos 12 meses, recuou de 14,4%, em agosto de 2009, para 11,9% em agosto último. Nos últimos 12 meses, findos em julho último, o rendimento médio real dos ocupados aumentou 4,1%. O resultado é um aumento na massa de rendimentos, que, nos últimos 12 meses, encerrados em julho, cresceu 8,1%, como resultado de aumentos do nível de ocupação e do rendimento médio. A taxa de desemprego medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), segue na mesma direção, registrando 6,7% em agosto, a menor taxa desde o início da série histórica, em março de 2002. A massa de rendimentos, por sua vez, segundo o IBGE, expandiu 8,8% nos últimos 12 meses. O forte ritmo de crescimento do emprego vem melhorando, inclusive, a sua qualidade. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, do Ministério do Trabalho, nos primeiros seis meses de 2010, a diferença entre o salário médio dos demitidos e dos admitidos foi reduzida pela metade em relação à igual período de 2009. No primeiro semestre deste ano, o salário médio dos novos contratados foi de R$ 821,13, 7,2% menor que o salário dos demitidos no mesmo período. Mas, no primeiro semestre de 2009, a diferença chegava a 13,2%, segundo a mesma fonte. O fenômeno é típico de períodos em que a economia está aquecida e o mercado está demandando mão de obra em quantidade, o que reduz a margem de achatamento salarial via rotatividade, estratégia bastante utilizada pelas empresas, especialmente em período de crises. Se o atual processo de aquecimento do mercado de trabalho persistir, a tendência é reduzir o índice de rotatividade, já que a redução da diferença entre os salários de admissão e demissão implica em custo maior para rodar o funcionário. Em um período em que cai a taxa de desemprego, o mercado bate recordes de geração de emprego formal, o salário médio cresce, fica cada vez mais difícil as empresas reduzir despesas se valendo da rotatividade da economia. Outro fato que inibe a referida política são os ganhos reais que vêm obtendo o salário mínimo nos últimos anos, que têm provocado também, e de forma generalizada, uma elevação dos pisos das categorias, acima da inflação. Isso inibe também a contratação por salário muito abaixo do que recebia o trabalhador demitido. Um detalhe importante também é que, em períodos de crescimento do emprego, como o atual, eleva-se a tendência de o trabalhador tomar a iniciativa para trocar de emprego, em busca de melhores salários, o que eleva a rotatividade. Autor: José Alvaro – Economista...

Lula: nordestino, operário, brasileiro

04/10/2010
Fomos nos acostumando tanto com o sucesso de Lula, seja no seu governo, seja na projeção internacional, que às vezes não temos suficientemente presente todas as dimensões desse fenômeno. Pudemos entrevistá-lo e nos darmos conta do amadurecimento político com que Lula chega ao fim do mandato, o entusiasmo com que termina esses impressionantes 8 anos e as qualidades que lhe permitiram, em uma arquitetura genial, ser o artífice da candidatura da Dilma. Solicitamos a entrevista, conseguida para três dias antes das eleições, horas depois de Lula ter chegado do penúltimo comício, em Sergipe, e horas antes do último, no ABC (ele promete seguir fazendo passeatas silenciosas – permitidas pela legislação eleitoral). Quisemos que fosse uma modalidade mais ampla, democrática. Para isso, convidamos os dois principais diários de esquerda do continente – Página 12, da Argentina, que mandou o melhor jornalista argentino da atualidade, Martin Granovski, e La Jornada, do México, que mandou sua notável diretora, Carmen Lira. Ambos tem tiragens importantes – La Jornada é o segundo em tiragem no México, com 8 edições regionais -, com sites com entradas diárias muito grandes, publicações que destoam claramente do resto da imprensa dos seus países, muito similar à nossa. Por outro lado, quisemos abrir consultas com os leitores sobre as perguntas que gostariam de fazer a Lula, sabendo que seria impossível fazê-las todas, pela quantidade, mas para sentir os temas principais de interesse dos leitores. Eu disse a Lula que, no momento do início da entrevista, já havia mais de 250 perguntas, que nos comprometíamos a fazer-lhe chegar todas por escrito. Nos reunimos com Lula, os três, alternando as perguntas e às vezes estabelecendo um diálogo. Assistiram ou passaram em algum momento, Gilberto Carvalho, Franklin Martins, Alexandre Padilha e Marco Aurélio Garcia. No final pudemos conversar um pouco em off com o Lula. Na saída já nos entregaram o DVD com a gravação integral da reunião, nos enviaram fotos e mais tarde a entrevista integralmente degravada. Claramente o tema das comunicações foi dos mais reiterados, como se pode ver pela íntegra da entrevista publicada. Quisemos que fosse publicada na íntegra. Esta também deve ser uma prática da imprensa alternativa, não se dar o direito de selecionar o que parece a editores valer a pena submeter aos leitores. A internet não deve ser só um meio tecnicamente diferenciado, mas uma forma diferente, pluralista, alternativa, de fazer comunicação. Apesar das intensas atividades e emoções correspondentes, Lula estava com ótimo ânimo, coerente com o tamanho da vitória que se aproxima. Despreocupado se a vitória se dará no primeiro turno – hipótese claramente mais provável – ou no segundo, mas seguro de que termina seu mandato – como disse ele, onde muitos nem começaram...

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