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A recente aprovação do piso salarial estadual na Assembléia Legislativa de

Santa Catarina (Alesc), que começa a vigorar a partir de janeiro próximo, veio em boa

hora. A economia brasileira em janeiro estará em franco processo de crescimento, o

que já ocorre, aliás, desde o mês de abril. O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,9%

no segundo trimestre, frente ao primeiro trimestre deste ano, ocasião em que tinha

recuado 1,2%. A recuperação do nível de atividade no segundo semestre foi puxada

pela indústria, que cresceu 2,1%, o que é muito importante, visto que este foi, de longe,

o setor mais atingido pela crise.

Além do fato mencionado, a recuperação da economia se dá com base no

mercado interno, com destaque para o consumo das famílias, que cresceu

significativos 3,2% no segundo trimestre deste ano. O consumo das famílias vem

sendo impulsionado pelo retorno do crédito e pelo crescimento da massa de

rendimentos, que manteve um bom desempenho, mesmo nos piores momentos da

crise. Em parte, este fenômeno está relacionado à normalização do crédito na

economia e à própria redução da taxa de juros verificada nos últimos meses. Em

agosto, segundo informações da Associação Nacional de Executivos de Finanças,

Administração e Contabilidade (Anefac), os juros para pessoa física atingiram o menor

patamar verificado em toda a série histórica, iniciada em 1995. A taxa média geral para

pessoa física estava em 7,08%, após a sétima redução consecutiva. Das seis linhas de

crédito pesquisadas pela Anefac, apenas o cartão de crédito manteve inalterada sua

taxa de juros em agosto.

Além da disponibilidade do crédito e do seu gradual barateamento, o consumo

das famílias vem sendo garantido também pela expansão da massa salarial. Segundo

dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED-Metropolitana), calculada pelo

Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), nos

últimos 12 meses, findos em junho deste ano, verifica-se que tanto a massa de

rendimentos reais dos ocupados quanto dos assalariados cresceu 1,2% e 2,1%,

respectivamente. Em ambos os casos o resultado deveu-se ao crescimento do

nível de ocupação do emprego, já que o rendimento médio pouco variou.

Os dados do comércio, relativos a julho, por sua vez, mostram um pouco

o que acontece com o mercado interno. Segundo o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE), em julho o comércio expandiu no Brasil pelo

terceiro mês seguido e, em relação a julho de 2008, as vendas no varejo

ampliaram-se em 5,9%. A receita nominal de vendas no acumulado do ano até

julho elevou-se em 9,8%. Em 12 meses, a alta chegou a 11,4%. Na

comparação com julho de 2008, o volume de vendas cresceu em seis das oito

atividades do varejo pesquisadas, com destaque para a alta de 10,1% em

Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo,

desempenhos diretamente relacionados à evolução da massa salarial e pela

própria estabilidade nos níveis inflacionários – nos últimos 12 meses, entre

setembro de 2008 e agosto de 2009, o Índice de Custo de Vida (ICV-DIEESE)

acumulou alta de apenas 3,75%.

Nos primeiros meses de 2010, quando os pisos salariais estaduais

começarem a ser pagos aos trabalhadores não cobertos por acordos ou

convenções coletivas de trabalho, tudo indica que a economia já estará

crescendo a uma taxa bastante satisfatória. Neste cenário, a expansão da

massa salarial adicional decorrente dos pisos salariais, só irá contribuir para a

melhoria de vida dos trabalhadores e para o crescimento da economia

catarinense.

Autor: José Álvaro de Lima Cardoso – Economista e supervisor técnico do DIEESE em Santa Catarina

Publicado em 16/09/2009 -

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