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 Por: Rosemeri Miranda Prado – Diretora Executiva da FECESC e Secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-SC

As mulheres conquistaram seu direito de estar no mercado de trabalho através de muita luta. Entretanto, sua inserção ocorreu no passado e continua acontecendo atualmente, de uma forma muito desigual. A maioria das mulheres ajuda na renda familiar sem que as demais tarefas, sejam divididas da mesma forma. Elas estão nos escritórios, nas lojas, nos hospitais, nas fábricas, prestando os mais diversos serviços e ocupando as mais variadas funções, são profissionais, empregadas no mercado formal ou informal, trabalham em postos subalternos (muitas) e em cargos de chefia (em menor número que os homens), estão no mercado de trabalho na área urbana e na área rural, algumas exercem cargos em sindicatos e entidades sociais, e, em comum, a maior parte delas acumula a isso as responsabilidades da casa, do cuidado dos filhos e, não raro, do cuidado dos mais velhos (como pais e sogros).
As mulheres somam 53,2% da população em idade de trabalhar (acima dos 14 anos de idade). Ainda assim, elas são maioria fora da força de trabalho: 64,2% delas não trabalham por vários motivos, como oportunidades de trabalho tão precárias que não vale a pena; falta de serviços públicos de cuidados; oposição do marido e familiares ao trabalho remunerado das mulheres, entre outros.
São as mulheres, também, as mais penalizadas com as políticas de redução do Estado: quando o poder público não garante acesso à saúde ou à educação, ou quando não há políticas públicas de redução à violência, por exemplo, são principalmente elas que precisam atuar nos cuidados.
É possível afirmar, sem dúvida, que são as mulheres as principais vítimas da política nefasta promovida pelo atual governo brasileiro, que têm reduzido os benefícios sociais e promovido a precarização das forças de trabalho. Sem falar no aspecto das desastrosas atuações de seus ministros e ministras nas políticas de mulheres, de direitos humanos e das mais variadas pastas. Temos um presidente que define o nascimento de uma filha mulher como uma “fraquejada”. Como se o machismo, em si só, já não fosse absurdo suficiente, vemos políticos como o deputado estadual paulista indo até um país em guerra para ofender as mulheres, cometendo crime contra a honra delas.
Aqui no Brasil, com estes governos machistas e misóginos em muitos municípios, estados e na esfera federal, nós, mulheres, também sofremos com a pandemia mundial. Sem nenhuma surpresa, constatamos que são as mulheres que mais recebem os efeitos ruins do mau gerenciamento governamental no enfrentamento da Covid-19.
O fechamento de empresas de diversos portes, no período da pandemia, desempregou particularmente as mulheres. Houve as que decidiram se retirar do mercado de trabalho, por terem que cuidar de filhos sem aula ou parentes infectados. No comércio e serviços, muitas empresas de pequeno porte que empregam mulheres foram a falência.
Para as categorias de trabalhadoras no comércio e serviços, as dificuldades que já existiam antes da pandemia, como jornadas extensas ou o trabalho aos domingos e feriados, só se agravaram com a pandemia. A parcela da categoria que tinha condições de exercer suas funções a partir das suas casas, viu lhes serem atribuídas metas inatingíveis, com tarefas em horários totalmente irregulares e isso com escolas e creches fechadas. Já outra parcela não teve escolha a não ser permanecer na linha de frente, no atendimento ao público, arriscando-se à sua contaminação e à de seus familiares, muitas vezes sem ter, em seu local de trabalho, o mínimo de prevenção respeitada, como o fornecimento de máscaras, álcool gel e proteção com distanciamento social. Mulheres grávidas foram chamadas ao trabalho presencial, colocando mães e fetos em risco.
Neste 8 de março, mais uma vez, as mulheres organizam a grande manifestação do 8M, para denunciar a discriminação, a violência e a injustiça sofrida nas mais diversas áreas, assim como protestar contra a forma como são tratadas no mercado de trabalho. E é indispensável registrar aqui que as mulheres negras sofrem dupla discriminação, de gênero e de raça. São das mulheres os menores salários nos mesmos cargos que os homens e, entre elas, as mulheres negras as que menos recebem. Também as mulheres têm mais dificuldades para alçar promoções e exercem menos cargos de chefia.
Por isso lembramos hoje, e sempre, que nossa luta ainda é longa e árdua. A FECESC e Sindicatos filiados, através das dirigentes mulheres, quer falar às mulheres da área do comércio e serviços com ainda mais ênfase, para pedir a essas trabalhadoras que coloquem sua energia nessa luta, para que conquistemos mais empregos formais; condições de trabalho decente; com saúde laboral; com igualdade de condições de trabalho com os homens, respeitando as diferenças; sem violência e sem assédio moral e sexual no trabalho; e com reconhecimento profissional.

 

 

 

Publicado em 8/03/2022 - Tags: , ,

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