Salário real de milhões de trabalhadores será reduzido em 2009, diz relatório da OIT
11/12/2008
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou um novo relatório no qual prevê que a crise econômica mundial ocasionará dolorosas reduções no salário real de milhões de trabalhadores do mundo no próximo ano. “Para 1,5 bilhão de trabalhadores assalariados no mundo, avizinham-se momentos difíceis”, disse o Diretor-Geral da OIT, Juan Somavia. “O crescimento econômico lento ou negativo, junto com os preços muito instáveis dos alimentos e da energia, erodiram o salário real de muitos trabalhadores, em particulares nos lares pobres e de baixa renda. As classes médias também serão gravemente afetadas”. O estudo, intitulado Relatório mundial sobre salários 2008/2009, adverte que provavelmente se intensificarão as tensões relacionadas com salários. Depois de considerar as mais recentes estimativas de crescimento do FMI, a OIT estima que os salários reais cresçam no máximo 1,1 por cento em 2009, comparado com 1,7 por cento de 2008, mas é possível que os salários diminuam em um vasto número de países, incluindo as maiores economias. Em geral, se prevê que o crescimento do salários nos países industrializados diminuirá de 0,8 por cento em 2008 a -0,5 por cento em 2009. O relatório da OIT enfatiza que esta perspectiva desalentadora apresenta-se depois de uma década na qual os salários no conseguiram progredir no mesmo passo do crescimento econômico. De acordo com o relatório, entre 1995 e 2007 cada 1 por cento adicional de crescimento anual do PIB per capita gerou um aumento de somente 0,75 por cento no crescimento anual dos salários. Como resultado, em quase três quartas partes dos países do mundo ocorreu uma diminuição da proporção do trabalho no PIB. Enquanto a inflação se mantinha baixa e a economia mundial crescia a uma taxa de 4 por cento anual entre 2001 e 2007, o crescimento dos salários ficou defasado, aumentando em menos de 2 por cento anualmente na metade dos países do mundo, diz o relatório. Houve grandes diferenças regionais. O crescimento nos salários reais foi de cerca de 1 por cento ou menos ao ano na maioria dos países industrializados e na América Latina. A região do mundo onde se registrou o crescimento mais baixo dos salários reais foi precisamente a América Latina e o Caribe, com 0,3 por cento. No entanto, alcançou mais de 10 por cento na China, Rússia e outros países em transição. Crescimento insustentável na desigualdade salarial O relatório também diz que desde 1995 a desigualdade entre os salários mais altos e os mais baixos aumentou em mais de dois terços dos países analisados, alcançando, com frequência, níveis socialmente insustentáveis. Entre os países desenvolvidos, Alemanha, Estados Unidos e Polônia estão entre aqueles nos quais a diferença entre os salários mais altos e os mais baixos cresceu com maior rapidez....