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AS DESIGUALDADES E AS ELEIÇÕES

25/07/2014
O economista Marcos Mendes, em entrevista para Denise Neumann, do Jornal “Valor Econômico”, afirma que antes da redemocratização brasileira, em 1985, “os pobres simplesmente não tinham vez”. Quem tinha acesso ao Estado brasileiro eram apenas “os grandes grupos econômicos e a classe média alta”. Com a redemocratização, prossegue o economista, doutor pela USP, “os mais ricos continuaram com canal de acesso ao poder e continuaram obtendo do Estado o que obtinham antes, como crédito subsidiado, proteção comercial às indústrias, perdão às dívidas agrícolas, uma Justiça que favorece quem tem dinheiro para pagar advogado mais caro, regulação fraca, ou seja, uma série de mecanismos favoráveis aos mais ricos”. Depois, com o surgimento de “políticas pró-pobre”, as quais “se somaram às políticas pró-ricos”, o que houve de diferente foi que “os mais pobres começaram a ter voz”. Além disso, abriu-se “espaço para a pressão dos sindicatos e outras associações, e por meio delas a classe média também teve espaço para demandar mais do Estado”. A partir de então, afirma Marcos Mendes, o Estado vem distribuindo “para os ricos, para os muito pobres e para a classe média”. Segundo ele, há “uma pressão sobre o Estado para gastar a favor de todo mundo, e regular a favor de todo mundo”. Ou seja, diz ele, “o rico quer bolsa-BNDES, o pobre quer Bolsa Família, a classe média quer universidade de graça e mercado de trabalho protegido”. Ao contrário daqueles que afirmam que o Bolsa Família é     um mero artifício eleitoral, Marcos Mendes reconhece que os especialistas da área social mostram que ele “é muito mais eficiente que qualquer outro programa social. Com um custo muito menor, ele tira muito mais gente da pobreza, e reduz muito mais o índice de desigualdade”. Para os ricos, por exemplo, “só o subsídio do BNDES – a diferença entre o que o Tesouro paga para tomar no mercado e o que ele recebe de volta pela taxa subsidiada do BNDES – custa R$ 24 bilhões por ano, que é exatamente o que ele gasta por ano no Bolsa Família”. Além disso, os ricos “abocanharam R$ 570 bilhões de reais” em juros da dívida pública, em 2002, valor que foi reduzido para R$ 230 bilhões em 2013. Por isso, tem razão Marcos Mendes quando acredita que “os benefícios que vão para a classe média e a classe alta são muito maiores do que o que pinga para os mais pobres”. A mídia diz que “a economia vai mal e o país está sendo levado para uma fase ruim”. Mas nada diz da “prática já bem documentada” de que “brasileiros ricos ‘remetem’ recursos para o exterior, de onde voltam para aplicação em títulos do governo, pois os ‘investimentos’...

A MÍDIA E A QUESTÃO PENAL

17/07/2014
A mídia “é de propriedade de algumas empresas, que não possuem em suas finalidades o atendimento exclusivo dos interesses da nação. Trata-se de empresa que vive de receitas e de lucros e de interesses (políticos, empresariais, ideológicos etc.)”, buscando “a maximização dos lucros, em detrimento da sua antiga função militante; sua militância atual é a da livre empresa, a sociedade de mercado”. No Brasil, “desde a chamada ‘Nova República’ (1985), a grande imprensa (com raras exceções), que está nas mãos de 11 famílias e alinhada com o modelo econômico brasileiro (escravagista/neoliberal), vem cumprindo seu papel de ‘aparelho privado da hegemonia’”. Seu jornalismo investigativo “tem como alvo predileto a corrupção e seus protagonistas estatais ou privados”, sendo o “comum” a sua “postura da atuação conforme as conveniências (jornalísticas, empresariais ou ideológicas) de cada momento”. A mídia (TV, rádio, jornais, internet etc.), especialmente nos últimos 30 anos, se apropriou da questão criminal, na medida em que o Estado foi perdendo “sua capacidade de resolver os conflitos sociais”, assim como pela judicialização da política e pela criminalização dos políticos pela própria mídia. Ela “foi ganhando mais protagonismo, porque transformada, a pedido muitas vezes da própria opinião púbica, em palco das discussões e das reivindicações, assim como veículo das ‘soluções’ para os graves problemas sociais”. A grande quantidade de notícias na área da violência “foi forjando uma generalizada percepção sobre o caos e o perigo que reinam sobre a cidade”, da qual “surgem as sensações de indefesa e de medo”. Por essa razão, a mídia “tem sido apontada como principal promotora do medo e da preocupação social”, cuja difusão “permanece como uma engenhosa forma de dominação política, atingindo e modificando (negativamente) o cotidiano e o comportamento da população”. Na mídia, “tudo é feito para iludir, interferir, gerar emoções ou sensações nas pessoas, sobretudo a de que o sistema penal (embora precário) está capacidade para resolver os conflitos sociais e penais”. Ela “produz uma visão distorcida da realidade e fomenta no público um sentimento generalizado de insegurança”. Além disso, os setores midiáticos mais conservadores e radicais possuem um discurso “de ruptura (às vezes absoluta) com o sistema legal, constitucional e internacional vigentes, na medida em que, fundados na irracionalidade da violência e da vingança, propõem penas proibidas (pena de morte, prisão perpétua), o fim das garantias jurídicas (penais e processuais), a quebra de cláusulas pétreas (redução da maioridade penal, para aqueles que entendem que o art. 228 da CF constitui cláusula dessa natureza), o extermínio dos direitos humanos (dos presos, especialmente), a justiça pelas próprias mãos etc. Acredita-se que a violência feroz ou que a política do ‘olho por olho, dente por dente’ seja a única justa”. A mídia pratica um jornalismo demagógico, “que...

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