17/07/2014
A mídia “é de propriedade de algumas empresas, que não possuem em suas finalidades o atendimento exclusivo dos interesses da nação. Trata-se de empresa que vive de receitas e de lucros e de interesses (políticos, empresariais, ideológicos etc.)”, buscando “a maximização dos lucros, em detrimento da sua antiga função militante; sua militância atual é a da livre empresa, a sociedade de mercado”. No Brasil, “desde a chamada ‘Nova República’ (1985), a grande imprensa (com raras exceções), que está nas mãos de 11 famílias e alinhada com o modelo econômico brasileiro (escravagista/neoliberal), vem cumprindo seu papel de ‘aparelho privado da hegemonia’”. Seu jornalismo investigativo “tem como alvo predileto a corrupção e seus protagonistas estatais ou privados”, sendo o “comum” a sua “postura da atuação conforme as conveniências (jornalísticas, empresariais ou ideológicas) de cada momento”. A mídia (TV, rádio, jornais, internet etc.), especialmente nos últimos 30 anos, se apropriou da questão criminal, na medida em que o Estado foi perdendo “sua capacidade de resolver os conflitos sociais”, assim como pela judicialização da política e pela criminalização dos políticos pela própria mídia. Ela “foi ganhando mais protagonismo, porque transformada, a pedido muitas vezes da própria opinião púbica, em palco das discussões e das reivindicações, assim como veículo das ‘soluções’ para os graves problemas sociais”. A grande quantidade de notícias na área da violência “foi forjando uma generalizada percepção sobre o caos e o perigo que reinam sobre a cidade”, da qual “surgem as sensações de indefesa e de medo”. Por essa razão, a mídia “tem sido apontada como principal promotora do medo e da preocupação social”, cuja difusão “permanece como uma engenhosa forma de dominação política, atingindo e modificando (negativamente) o cotidiano e o comportamento da população”. Na mídia, “tudo é feito para iludir, interferir, gerar emoções ou sensações nas pessoas, sobretudo a de que o sistema penal (embora precário) está capacidade para resolver os conflitos sociais e penais”. Ela “produz uma visão distorcida da realidade e fomenta no público um sentimento generalizado de insegurança”. Além disso, os setores midiáticos mais conservadores e radicais possuem um discurso “de ruptura (às vezes absoluta) com o sistema legal, constitucional e internacional vigentes, na medida em que, fundados na irracionalidade da violência e da vingança, propõem penas proibidas (pena de morte, prisão perpétua), o fim das garantias jurídicas (penais e processuais), a quebra de cláusulas pétreas (redução da maioridade penal, para aqueles que entendem que o art. 228 da CF constitui cláusula dessa natureza), o extermínio dos direitos humanos (dos presos, especialmente), a justiça pelas próprias mãos etc. Acredita-se que a violência feroz ou que a política do ‘olho por olho, dente por dente’ seja a única justa”. A mídia pratica um jornalismo demagógico, “que...